Afinal cansei. Meu espírito cansou do que foi e do que o vento trouxe. Cansei de viver uma vida que não era minha. Cansei desta casa em que habito há tanto tempo. Não aguento mais trancada aqui deste lado. Não me apetece mais isto. Não me apetece de todo o que levo por ti e por ti e pelo outro. Não quero mais saber. Não quero saber de procurar, procurar e procurar onde não há nada para encontrar. Não vou usar mais tempo na descoberta do que não existe. Lembrei que não importa continuar quando não te encontras. Não interessa lutar pelo que não quer ser alcançado. Hoje, olhei-me com os meus verdadeiros olhos. Hoje, finalmente alcancei-me. Decidi respirar sem máquina. Quem decide os meus passos sou eu. São os meus pés que decidem onde piso. Só eu decido se quero dançar à beira do precipício ou esconder-me na gruta mais escura. Não me importa se concordas, discordas ou mesmo se não tens opinião. Eu basto-me. Danço muito bem sozinha. Caminho tão firme e segura, que não preciso dessas moletas. Vive junto a mim porque me admiras, não me acompanhes porque me necessitas. Se queres estar comigo, vem ao meu lado. Não te coloques à minha frente. Nem no alto pedestal. Não quero mais correntes. Quero liberdade. Quero correr livre. Respirar fundo, sem pressa. Viver sem medos. Ser feliz, é estares preenchido por dentro. E só tu te podes preencher. Os outros só te vão acrescentar. Alcança-te, regenera-te, felicita-te, enobrece-te, sente-te, alegra-te. Não te deixes dominar. Não te deixes contaminar. E se já deixaste, descontamina-te. E constrói-te. E se for preciso desmonta tudo e cria de novo. Preenche do zero. Mas fá-lo. Ama-te. Ama-te a ti. Amor próprio é o que te traz felicidade. É o que te vai proteger. É a tua muralha. O teu abrigo. O teu escudo. Por isso, cuida. Cuida-te. Então, eu hoje cansei. Tenho o espírito solto na vida. A alma a correr por aí. E quando quero, só eu a alcanço. Só eu me alcanço. Portanto, não quero mais, não. Não quero. Só quero o que for bom para mim. Só aceito amor. Então, se não quiseres respeitar-me, eu não quero mais. Quero-me a mim. Quero-me toda. Completa. E se me quiseres acompanhar, nesta jornada da vida, se te falto nos momentos, se te faço falta. Já sabes. Tu sabes. A decisão da tua vida só a ti pertence. Quando souberes se me queres dar a mão e caminhares ao meu lado aparece. Sabes bem onde me encontrar.
31 de dezembro de 2014
29 de dezembro de 2014
Não te deites antes do sol se pôr
Há muito, muito tempo, quando tudo ainda não era prédio, quando casa era refúgio de pedra e as terras não se chamavam pelo nome, havia uma menina de lindos cachos dourados. Chamavam-lhe de Lua. Mas não se escrevia assim, porque ainda nem se escrevia. Não se dizia assim, porque esta palavra não existia. Era Lua porque ficava por horas a observar o céu estrelado e a sua lua. Toda a gente da pequena povoação a conhecia assim. Todos se exprimiam diferente acerca do nome da pequenina, mas o significado era o mesmo.
Durante o dia, Lua corria pelas colinas e colhia flores para oferecer à sua mãe. Brincava com os pequenos bichinhos da floresta e colhia frutos silvestres que guardava na sua sacolinha de palha adereçada junto ao seu peito. Os que mais gostava eram as framboesas e amoras. Conseguia passar horas e horas a comer. Comia tanto, que só terminava quando já toda suja, lhe começava a doer a barriguita. Depois, lá ía até ao riacho lavar-se e caminhava cantando até sua casa.
Mas o que mais adorava era a noite. Adorava aquele céu estrelado. E aquela lua brilhante? Os outros meninos tinham medo da noite. Medo do escuro. Deitavam-se todos antes mesmo do sol se pôr. Havia mesmo alguns crescidos que faziam o mesmo. Sentiam-se expostos. Diziam que não conseguindo ver com clareza tudo à sua volta, não conseguiam caminhar. Que sem luz não avistavam o longe. Não reconheciam o desconhecido. “Pois está bem”. Pensava sempre Lua! Não podia discordar mais. De que serve ver tudo, se nada brilha? De que serve tanta luz, se assim nenhuma se destaca? Sim, de que serve? De que serve ver tudo a quilómetros de distância, e não se ser surpreendido? No escuro da noite, todas as estrelas eram belas. Até as mais pequenitas. Até as estrelas mais distantes cintilavam, como se chamando a sua atenção. Como a menina Lua adorava que chegasse a noite. E o escuro. Ela gostava da surpresa do mais além. Até o ar era diferente. Mais fresco, mais puro. “Noite, noite, que dás valor ao dia. E tu, lua magnífica, que só te impões por esta escuridão que vem refrescar a vida. E venham estrelas, estrelinhas. Venham piscar, no caminho da caminha. Venham que todas brilham, por mais longínquas que estejam. Vem noite. Vem noite estrelada. Vem, que sem noite, ninguém dá valor ao dia!”. Palavras da pequenina. Pensamentos da Lua menina. Frases da pequena Lua que levava seu lema de vida aos altos da sua grande amiga lua.
Então, não vamos esquecer: podemos ter luz, podemos ter calor, podemos ter amor, podemos ter companhia, podemos mesmo ter muita coisa. Podemos ter o que temos. Há quem chegue a ter quase tudo. Mas não teríamos luz sem conhecer a escuridão. Não daríamos valor ao calor, se não houvesse o frio. Não haveria a saudade, se não tivesse existido já a presença. Como sabes que queres a presença, se não houver a ausência? Diz-me como te secarias se nunca te tivesses molhado? Valorizarias o sol sem a existência da lua? E as estrelas? Irias conseguir vê-las se não estivesse escuro? Por isso, vamos aceitar o que a vida nos traz e perceber que por vezes para encontramos um caminho brilhante, necessitamos de percorrer um labirinto escuro. Ao invés de te queixares, aproveita a noite para veres as estrelas. O escuro serve para veres a luz. A sede serve para valorizares a água. Dá mais valor ao que tens. Dá valor a vida. Aproveita o momento.
Por isso, não te deites antes do sol se pôr, por favor!
24 de dezembro de 2014
Ser feliz
Saio leve, a voar junto ao vento que corre logo pela manhã. Encosto a face
à folha orvalhada e respiro a brisa fresca que me acorda e arrefece. Sei
agora o que é. Sei do tempo que não foi e saio aproveitando o que passa. Não
suspiro mais o passado e não sigo caminhando na luz do após que não vês
devorar-te a alma. Inspiro bem de leve o perfume que agora aquece o meu peito e
ilumina os meus passos. Quero tudo e não oprimo o sentimento que chega e
deixo-o seguir na partida quando a hora vem. A sorte, é ter o fado de não viver
preso no que foi e no que há-de ser. Ser feliz é tão fácil como deixar o tempo
tudo levar e não colar no querer ficar ou partir. Estar tranquilo no espaço que
tu tanto anseias mudar e alterar o rumo. Deixa passar a vida como ela quer
seguir, e não feches as portas desse castelo que tão altas muralhas elevas.
Quando te prendes no poupares a vida, no não sofregares a alma, inibes o
encanto das flores que brotam desse jardim. Não te poupes da coesão das cargas
e dos pólos da essência do agora. Deixa esse rio seguir em direção ao mar
salgado e não coloques pedras de aço no caminho. Fecha os olhos e deixa entrar
tudo aquilo que cabe nesse saco tão vazio que trazes contigo ao peito. Eu vivo
pensado no momento perene. Sorrio na chuva e choro ao sol e deixo o arco-íris
entrar logo pela manhã. Não me protejo do funesto porque não sei se essa fuga
não me afoga. Não sei quando fujo do hábil sentido do que podia ter acontecido,
se não fosse o monstro da proteção me encaminhar em direção oposta. Olha para
mim. Não sou Deus. Não sou perfeita. Sou eu. Apenas eu. Mas sou feliz à minha maneira. E esta
maneira de vida, tem um sentido, que caminha por onde a corrente leva. Tem um
encontro que não cega as intenções. Abre as portas, para que esse ar
prejudicial saia. Mas mais que tudo para que essa vida boa e cheia de
sentimentos arrebatadores te faça sentir que estás vivo. Deixa entrar, para
perceberes que também podes sentir, e que na vida, nem tudo é só ruir!
20 de dezembro de 2014
Experimenta-te!
Solidão. Diz-me, essas correntes que trazes amarradas a ti, são mais fáceis de carregar se eu também as transportar comigo ao teu lado? Conta-me lá. Tu, que vives rodeado de pessoas. Tu, que és tão social que não tens tempo para ti. Sentes-te preenchido ao fim do dia? Tu, que nem na cama consegues aquecer os pés sozinho. Sentes que te inflamam sempre esse espírito? Sentes essa alma aquecida? Sim, conta-me tudo. Tu, que dizes que aguentas tudo. Tu, que és o rei da selva. Dizes que és dono de ti. O teu mestre. Chegas a pensar ser o meu. Sabes muito bem quem és. Podes esconder-te atrás de tudo. Atrás do ego. Da cara séria. Do coração de gelo. E dessa expressão de quem tudo tem controlado. Podes mesmo usar essas tuas muralhas de pedra. Podes continuar. Tu, tu e só tu vais descobrir que solidão não é estar sozinho. Solidão é viver rodeado de pessoas que são apenas isso. Pessoas. Solidão, é não saberes ser feliz sozinho. Porque, vou-te contar. Vou-te contar só a ti. Tu, que te dizes homem feito. Acompanhado não significa junto. Muita gente te acompanha. Muita gente vai na corrente. Porque o peixe que tu pescas, também dá jeito apanhar. Junto, tens que estar primeiro de ti. Preenche-te para que depois alguém possa completar. Enche o teu copo de água. Enche. Enche bem. Só depois alguém irá trazer os limões e o açúcar. Aprende que para qualquer pintura é preciso tela em branco sem manchas. Sem furos. Sem cor. Não queiras colocar o telhado onde ainda nem há paredes. Respira. Isso que sentes sozinho não é solidão. Isso és tu. És tu sem quem. És tu a comandar. Porque enquanto não te formares capitão desse navio que tens preso no cais, não adianta recrutares marinheiros. Tem calma que tudo se alcança. A vida avança. Apenas sente a tua vida. Não a deixes passar e tu a olhar. Não queiras ficar nas correntes. Só, não é o escuro. Deixa-te só, que só vai demorar um pouquinho até te encontrares. Encontra-te, para no após seres descoberto. Quando aprenderes a te amares sozinho, estás a um passo de aprenderes a amar alguém. Por isso, te digo: estar só tem mais gente que a alma vazia de estar acompanhado de apenas pessoas. Ilumina-te, para que possas ser a luz. Então, tu. Sim, tu já sabes. Só e solidão, não é o mesmo, não. E estar só, não é tão difícil assim. Experimenta. Experimenta seres tu. Apenas tu. Experimenta-te!
9 de dezembro de 2014
Erra e acerta
Há uma história, que corre pelas ruas e se ouve sussurrada pelo vento. A história de uma menina. O conto de agora uma mulher. A menina corria, brincava e sorria. Vivia numa aldeia pequenina. Desde que nasceu ela estava ali. Adorava aqueles montes e vales que rodeavam a sua casinha. Brincava sempre nos mesmos sítios, com os mesmos amiguinhos. Ela nunca se chateava. Deixava toda a gente decidir as partidas e jogos. Mesmo quando achava que tinha razão, ela sorria e não se importava. Ela só queria estar em paz e não sofrer. Como tudo era tão fácil. Todos tomavam as decisões por ela. Ela não tinha que se preocupar com nada. Apenas seguia toda a gente e acompanhava o passo. Mesmo quando não gostava ela ía. E assim, cresceu a menina. Respirou toda a rotina, vezes e vezes sem conta.
Um dia, a pequenita adulta, deparou-se com a solidão na sua pequena aldeia. Onde estava toda a gente? Abandonaram-na! Só podia ser isso. E agora? Ela só pensava o que seria dela. Quem iria decidir o seu dia-a-dia. Não se apercebeu como aquilo aconteceu. E agora estava sozinha. Solitária. Apenas só. Então, decidiu fazer tudo como sempre tinha feito ao longo dos anos. Passaram dias, meses, vários meses. E ela sentia-se igual, abandonada. E nem sentia prazer naquelas atividades. A menina chorou durante muitas horas. Sentia-se sozinha. Tão sozinha. Foi dormir cedo nesse dia.
Pela manhã, acordou, abriu os seus grandes olhos, e fitou o teto durante vários minutos. A menina pensou: toda a gente seguiu os seus passos, abandonou a aldeia, os vales e os montes quando chegou a altura. Apenas ficou ela. Levantou-se, vestiu-se de maneira diferente de todos os outros dias. Pegou no seu carro e saiu pela estrada. Sem rumo, sem decisões, sem destino. E assim, começou a real vida da pequenita já crescida. A aventura. O crescimento interior. A linda menina descobriu que para se viver é preciso arriscar. É preciso sair da rotina. É preciso amor-próprio. Vontade. Mais do que estar protegida do sofrimento, dos vilões, é preciso encarar. É preciso vencer, perder. Porque o que se mantém parado são as árvores. E não, nós não temos raízes. Temos o mundo. Temos o tempo. Temos a hipótese de escolha. Porque, vida, não se pode chamar de vida, se não for mais com menos. Se não tivermos as desilusões para valorizarmos as vitórias. Porque sim, menina, não há arco-íris sem chuva. Não há alegria sem tristeza. Por isso, arrisca. Vive. Sofre. Sorri. Chora. Abraça. Só não fiques aí parada. Não deixes que comandem a tua vida. Segue o teu rumo. Segue, que todos os pedaços se juntam. Se estás presa, solta essas correntes e dá-te a oportunidade de viveres! Viveres tu, a tua vida! Erra, acerta, mas faz alguma coisa. Coragem. Não é difícil!
7 de dezembro de 2014
A estrada
6 de dezembro de 2014
Hoje à noite
4 de dezembro de 2014
O segundo de agora
Gosto de perceber hoje, o que não percebia ontem. De saber agora o que não sabia à bocado. Sim, gosto de descobrir. De crescer. Aprender. Aprender a concluir. A conclusão de hoje, que será a introdução de amanhã. Respiro fundo para absorver tudo. Aceito o que vem e aparece, como uma dádiva de orvalho num dia quente de verão. Cresço como planta após chuva e dia de nevoeiro. E sim, aceito. Aceito o que me queres dar. E o que não queres. Aceito o que é o momento e não tento descobrir o depois. Ao talvez eu não pertenço. Pertenço aqui e agora. Descubro o amanhã quando o passar que passou. Porque criança destemida que não vives os segundos, quando vives as horas do após, os minutos de agora foram no passado do tempo. Espaço que não sobra para pensar. Porque pensas de mais na vida. O talvez com que amanheces fica como perdurando todo o dia. Segue. E deixa seguir. Deixa seguir a vida. Apenas. Porque teres pena, já passou. E se o arrependimento durou, respira que o dia de amanhã chega. E percebe: a questão que esclarece, também é a questão que enlouquece. Ri. Sorri. E sê feliz. O que conta, é o segundo de agora.
24 de novembro de 2014
Outro lugar
Voa, porque voando
Saiu o tempo que não passa em vão
E não tende a girar.
Corre de leve e sopra
Como quem não leva o passo de pena que a vida escreve
E a alma eleva para não acabar.
E sopra, respirando o mundo
Aspirando o ar
E elevando a fé para qualquer lugar.
Corre que o tempo urge
Mas o sonho que leva
A luz do luar não corre a atrasar.
E o respirar de agora
Leva o amanhã suave para a chuva não transformar.
E revela agora as formas de ângulo
Que esse círculo que não foi e nem chegou a estar.
Sopra, que sopras no vento
E o sol que já não aquece não volta a fitar.
E vai com o pássaro que voa
E a folha que cai
Para ver o teu mundo girar.
E quando pensares que o que foi,
Numa brisa do mar revela
E vem num barco à vela para então voltar.
Segue e vive sonhando
Porque a vida passando,
O tempo não pára
E o vento empurra para outro lugar!
22 de novembro de 2014
Hoje amo-te para sempre
E depois me perguntas: e amanhã? Amanhã, vais amar-me?
Amanhã não sei. Mas hoje sei que te amo. E hoje amo-te para sempre.
Liberdade
Um dia, vem a vida e ensina-te que o prender não solta. O agarrar não liberta. O controlo não te protege tanto como pensavas. Não te abraça tanto como contavas. E aí percebes, que solto é que estás vivo. Que livre é que é respirar. Bom é correr sem destino. Caminhar sem correntes.
19 de novembro de 2014
Sê feliz. Agora. Por favor!
E aquela vontade de chorar? Chorar de tanto rir. Aquele rir alto. E o rir miudinho. Rir tanto que dói a barriga. E aquela vontade de partir gritando o quanto vale a pena viver? Aqueles dias em que acordas e sorris apenas porque estás aqui. Porque estás vivo. Já acordaste assim, eu sei. E é tão bom. Sabe tão bem transpirares os teus sentimentos. É como o brotar de uma planta. É como o nascer de uma flor. E já pensaste? Podes sentir-te assim todos os dias. Sempre que queiras. Tu tens o poder de comandar a tua vida. Tu decides. Tu és o capitão do teu navio. Podes acordar, olhar a janela e não querer sair porque está a chover. Ou simplesmente, sorrir e agradecer pela chuva deliciosa que irá regar as flores que amas ver na primavera. É contigo. Estar feliz é um estado de alma. Ser feliz é uma opção de vida. Está em ti a decisão. Só tu podes escolher o sorriso. Só tu podes escolher os canteiros de flores ao invés das silvas. Até as rosas com espinhos fazem um bonito bouquet. Até o mais duro dos dias de chuva contém pequenos arco-íris. Apenas toma a decisão de acordares e colocares um sorriso no rosto. Assim , tudo se ajeita. Aceita o que tens no momento. Luta pelo que queres. Mas percorre esse caminho, sempre sorrindo e de mão dada com o perfume do jardim de felicidade que te rodeia. E nunca te esqueças: tu comandas o teu sorriso! Tu decides quando. Quanto. E só tu sabes o que vale a pena. Sê feliz. Agora. Por favor!
17 de novembro de 2014
Gosto de ti
13 de novembro de 2014
O depois logo se vê!
Não vivas com o que podia ter sido. O que podia ter sido dito. O podia não pode. O podia não foi. Sê espontâneo. Sê impulsivo. Porque se o sentes, é porque o fizeste. Porque o viveste. Experimentaste. Senão como irias saber? Tu sabes...Sabes que não há arrependimento no que não é feito. Sabes bem que o suposto, o será, o talvez, destrói e corrói. Estás vivo. Tens que pedalar. Viver intensamente. Que não te cheguem os porquês. Não aceites os talvez. Sim, aceita a merda que fazes. Aceita toda a merda que sai dessa boca. Tudo que essas mãos acatam. Aceita simplesmente. Aceita e encara. Mas não penses muito. Vive tudo o que queres e não te reprimas de nada. Dá-te tudo aquilo que achares ter direito. Só tu sabes. Não sou eu que sei por ti. Nem o teu namorado. Nem a tua amiga. Nem a tua mãe. Nem o teu cão ou o teu papagaio. Diz asneiras. Faz asneiras. Permite-te viver. Não guardes tudo aí dentro. Por muita arrumação que possa ter esse quartinho, um dia vai encher. Vai encher tanto!Vai ficar abarrotado! Cheio do que presta e do que não presta. E diz-me: como vai ser? Muito lixo para descartar. Muita coisa para arrumar. Por isso, não reflitas sempre. Se te faz sentir, sente. E se o sentir é bom, faz. O depois logo se vê. O futuro não sabes. Por isso usa esse agora. Explode! Descontrola-te! Sê quem tu és agora e não vivas pensando quem serás amanhã. O que será amanhã se fizeres agora. Faz quando queres. Faz porque queres. Acredita. O depois logo se vê!
Carta para ti, Vida
11 de novembro de 2014
Lobo mau
Que lobo tão grande que vivia naquela floresta!...Um animal de meter medo a qualquer outra criatura que habitasse nas redondezas. Por ali quase toda a gente o evitava. Ao certo ninguém sabia bem porquê. Se era medo, se era respeito, se era pelo feitio complicado. A verdade é que nem eu percebia muito bem.
Eu já tinha privado com ele. Na altura pareceu-me ser um bom lobo. Às vezes retirava aquela expressão séria e parecia mesmo sorrir para mim. Houve momentos que nem me sentia na sua toca. E quando sentia, gostava. Porque sabia que estava ali. E para o que estava ali. Cheguei a entender o interior daquela criatura peluda e desorganizada. Muitas vezes olhei lá no fundo e entendi tudo. Li e reli as histórias e as desventuras daquele animal.
Ainda hoje, passou por mim, e enquanto todos os outros estremeceram, murmuraram e se afastaram, eu deixei-me ficar. Ele até pode rosnar. Uivar. Pode passar com aquele ar altivo. Eu vi, olhei e gravei. O lobo mau da floresta. Sim, o lobo mau!
Até porque um dia eu conheci um carneiro, um carneirinho muito bonzinho. Toda a gente gostava dele. E olhei, observei, convivi e ouvi. E percebi. Percebi que aquele cordeirinho era um animal disfarçado. Um animal enganado. Porque na minha vida, na minha casa e na floresta onde vivo, prefiro um lobo mau com coração de cordeiro, do que um cordeiro com alma de lobo mau.
Quando
Que não te falte o sorriso.
E quando não te encontras,
Que não te falte o caminho.
E quando o agora vem,
Leva-o de mão dada pela manhã,
Antes que a noite chegue.
10 de novembro de 2014
Palavras
Tu sabes que muitas palavras se perdem no tempo. Muitas mesmo se dissolvem no ar ou se perdem na corrente do mar. Sabes tão bem quanto eu que as palavras muita vezes são fáceis. Plantar a semente sempre foi mais fácil do que a regar durante meses. Não adianta de todo soltares as palavras ao vento, amigo. O vento as leva para longe e talvez não as traga de volta. Por vezes voltam rasgadas. Sabes muito bem que não há garantia. Sabes que quem garante é quem faz. As palavras são bonitas, são mágicas e provocam sorrisos. As ações promovem atitudes. A realidade mora no agir. No fazer. No realizar. Meu amigo, é tão fácil escrever coisas bonitas. Mas o acontecer...Ai, o acontecer!.. Pega nessa história e transforma em vida. Transforma esses recortes soltos no espaço em puzzle completo. Transforma as palavras ditas e coisas escritas em mundo verdadeiro. Estou aqui para ver. Porque toda a palavra dita, pode não ser mais que promessa feita. Dito que não dito, pode ser a fita, a mentira, o agora que não vai ser depois.
6 de novembro de 2014
Olhos vendados
5 de novembro de 2014
Sonhar
Inscrito em todo o teu suor
Em todas as constelações de teus sinais
O que me faz continuar a sonhar.
Talvez consideres pesadelo de teu ser
Continuar a insistir no que sustenta meus momentos de alegria.
Aqueles em que te olho e vejo que olhas o mesmo por do sol.
O sonho que talvez um dia vá partir,
Está agora encalhado,
Preso à âncora do teu olhar,
Na praia da tua face.
Preso à âncora do teu olhar,
Na praia da tua face.
Sonhar, será então,
Uma pequena paragem feita em porto onde desconheço marinheiro.
Será o tempo necessário para começar de novo.
3 de novembro de 2014
Olha o arco-íris!
Não quero esse teu mundo incoerente. Não quero andar a saltar por entre esses teus riachos tão sem nada. Porque no teu mundo está muito a chover. E no meu só faz sol. Mas quando tu deixares, talvez a chuva acalme. Talvez o tempo corra na minha direção. Talvez chegue dia de arco-íris. Sorrisos e caminhos de sentinelas e pirilampos. Porque eu quero viver o agora e contar as pedras da calçada segundo a segundo. Entender os decalques do fogo e os pormenores da lua. Contar as estrelas suspirando. Ave esvoaçante, vives no futuro. Colocas a tua vida na mão do destino. Planeias como quem escreve um livro. Não deixas crescer. Forças o rio a correr em direção ao mar. Deixa o rio seguir o caminho com calma. Deixa-o percorrer os vales e encontrar as flores e outros rios. Pára de escrever assim. Não planeies. Deixa a vida correr. Olha que ela não gosta de ser planeada. Perseguida. Deixa que o mundo te leve. Deixa que o tempo percorra o que tu lhe queres dedicar. Esquece os planos. Abandona o depois. O porquê. O será. Não pares tanto tempo. Não desgastes a vida. E não te desgastes. Não recuses a felicidade. O arco-íris. Porque enquanto estás aí, eu estou aqui. Vivo intensamente o meu sol. O dia bom de hoje. Os segundos de agora. Deixa os minutos de amanhã. Deixa-te respirar livremente. Deixa-te sorrir. Abre os braços e sente a chuva diminuir. Deixa a tua chuva encontrar o meu sol. Olha o arco-íris!
28 de outubro de 2014
Princesinha, a rainha da coroa de flores!
Era uma vez uma princesa. Pequenina, loirinha, olhinhos de amêndoa e pele muito branquinha. Vivia num castelo muito grande, rodeado de muralhas muito, muito altas. A princesa sempre teve muito medo de se aproximar. Estava tão bem dentro do castelo: quentinha, protegida, com todos os confortos e mordomias. Nunca tinha que pensar em nada, preocupar-se ou ter medo do que quer que fosse.
Um dia, a princesa acordou diferente. Não sabia bem o que tinha, mas estava diferente. Abriu a janela e olhou para o céu. Respirou aquele ar e pensou : "Vivo há tanto tempo neste castelo!". Mas o que a princesa não sabia, era que na realidade, nunca tinha conhecido o mundo lá fora.
A princesa inspirou fundo e deixou-se estar a olhar o céu durante mais uns minutos. Foi quando de repente, uma pomba veio parar mesmo à sua frente, no parapeito da janela. A pomba virou a cabecita para a direita e depois para a esquerda. Deu uma picadela na mão da princesa e saiu voando para além das muralhas. A pequenina princesa suspirou, ganhou coragem, soltou o cabelo do laçarote que tinha preso bem no altinho da cabeça, despiu o vestido todo trabalhado em pérolas, e deixou-se ficar apenas com o corpete e as calças de veludo interiores que todas as meninas princesas usavam por baixo dos seus melhores vestidos. Saiu pela porta grande do salão, aproximou-se das muralhas e respirou profunda e lentamente. Olhou para as escadas muito a pique que terminavam mesmo lá no alto, na muralha. Subiu degrau a degrau, aproximou-se da borda e olhou para o que rodeava o castelo. Uma floresta verde, com muitas árvores floridas, pinheiros altos, arbustos com muitos frutinhos vermelhos...e o cheiro?...Aquele cheiro!... Era parecido ao seu perfume, mas mais puro, mais fresco, intenso, verdadeiro. Naquele momento, a princesa não duvidou. Precisava passar aquelas muralhas, correr em direção àquela floresta, respirar mais de perto aquele ar, sentir aquele cheiro.
A pequenina questionava-se porque nunca tinha passado aquelas muralhas. Porque nunca tinha vivido aquele mundo lá fora. Até porque os grandes portões sempre estiveram ali...à disposição dela. Poderia ter ido em qualquer altura. Nunca esteve presa ali dentro. Sempre esteve daquele lado por livre e espontânea vontade. Mesmo sem perceber porquê, até porque naquele momento não era o que mais interessava, a princesita desceu as escadas e pediu aos guardas para abrirem o grande portão. Não hesitou: saiu, viveu, correu, magoou-se, curou-se, sorriu e chorou. E sim, a princesa voltou ao castelo. Voltava sempre que precisava de repousar os olhos das cores vibrantes e dos cheiros intensos daquela floresta. A princesa voltava!... A pequenina, agora rainha com coroa de flores! Mas nunca, nunca mais fechou ou deixou que lhe fechassem os grandes portões.
24 de outubro de 2014
Tu, que dizes?
Porque tanto reclamas? Passas a vida a queixar-te. É porque tens frio e porque tens calor. Porque estás feliz de mais ou porque a tua vida é um inferno. Estás bem, mas queres estar mal. Quando mal queres estar bem. Essa vida que tu levas, só te prende. Só te deixa para trás. Diz -me o que queres. Achas que vais chegar a lado algum? Pensas mesmo conseguir alguma coisa assim? Deixa-me rir. Então, te digo: não passas de um ignorante e energúmeno que nunca vais sair da cêpa-torta. É que és cêpo. E vais continuar torto! Pessoa, acorda! Acorda, desses queixumes! O mundo que te rodeia não é teu! Tanto te queixas que me dói a cabeça. Dói-me de tanto te ouvir. E sabes uma coisa? Não me queixo. Estou aqui. E estou para ti. Mas vais parar. Parar de te queixar. O quê? Tu, que dizes?
22 de outubro de 2014
Quem garante?
Rasgada e ferida. Indomavelmente crua. Tempestuosa. Ora serena, ora falada. A orla em que me encontro. Escura, abafada, longínqua. Eu não acredito ser! Mas serei? Sou. Nervosinho miúdo, neblina de palmo e terra. Sou eu. Eu. Não acreditei ao princípio. Conspiração maldita! Como poderia ser? Não seria. Ou seria? Seria. Era eu. Eu. Falsa? Não! Mas parecia. Ou pareço? Tamanha confusão. Tamanho embrulhar de petrificadas soluções. Embaraços. Egoísmo. Egoísmo. Mergulhei nele. Afogada? Quase. Salvei-me da tal luzita brilhante. Foi por ti. Por ti. Deixei-a estar. Mais um pouco. Ainda é cedo. Miudeza. Sacanagem. Danado consentimento. Efémero desejo. Só para contigo. Só pára contigo. Mais tarde. Ou mais cedo. Platão? Não! Melhor. Muito melhor. Entre abraços e castigos. E até perdições. Maldades! Sentida. Injusta. Ora serena, ora falada. Saqueando. Saqueando-te. Mesmo. Brilhante. Mas apagada. Triste. Sonhos e pesadelos. Sonhos. Vou sonhando. Sonharei? Sim. Acredito. Confesso. E vou confessando. Mais te confessarei. Aos pouquitos. Não te chateies. Sabes que gosto de ti. Assim. Desta maneira. Infinita. Duradoura. Persistente. Admito? Hum...Não sei! Sofrerei? Talvez. Quem garante? Ninguém. Vou arriscar. Vale a pena? Diz -me tu. Tu. E eu.
Quanto baste
Tudo tem um tempo. Tudo tem uma hora. Não queiras atropelar os momentos. Não queiras chegar ao destino, sem antes passares pelo trânsito. Pelos cruzamentos. STOPS. Sinais de cedência. Porque ao longo do caminho, vais encontrar sinais vermelhos. Verdes. Amarelos. E intermitentes. E precisas disso. Precisas de parar. De olhar com atenção. Por vezes vais ser avisado. Multado. Multado por excesso de velocidade. Outras vezes por ires devagar demais. Acalma-te. Viaja devagar e depressa o quanto baste. Não queiras atropelar peões. Não reconhecer as passadeiras. Viaja com tranquilidade. Usa o cinto de segurança e não passes os limites de velocidade. Mas não pares. Viaja sempre. Mas viaja ao teu ritmo. E deixa o tempo, levar as horas que precisar para chegares ao destino.
21 de outubro de 2014
Bem-me-quer mal-me-quer
18 de outubro de 2014
Como um segredo
17 de outubro de 2014
Só eu sei
Assim escondida
Hoje vou andar pelo escuro. Vou fugir da luz. Fugir do dia.
Hoje só saio à noite. Vou sair à noite. E durante a noite vou fingir que é dia. Vou andar assim escondida. Assim por aí. Escondida.
Hoje quando estiver escondida vou ver nascer o dia. O sol nascer. O dia começar. A noite acabar.
Hoje depois da noite, já vou querer o dia.
Hoje vou deixar de querer andar assim escondida.
16 de outubro de 2014
Podes dar um jeitinho
15 de outubro de 2014
Vive
Subscrever:
Mensagens (Atom)