31 de dezembro de 2014

Sabes bem onde me encontrar


Afinal cansei. Meu espírito cansou do que foi e do que o vento trouxe. Cansei de viver uma vida que não era minha. Cansei desta casa em que habito há tanto tempo. Não aguento mais trancada aqui deste lado. Não me apetece mais isto. Não me apetece de todo o que levo por ti e por ti e pelo outro. Não quero mais saber. Não quero saber de procurar, procurar e procurar onde não há nada para encontrar. Não vou usar mais tempo na descoberta do que não existe. Lembrei que não importa continuar quando não te encontras. Não interessa lutar pelo que não quer ser alcançado. Hoje, olhei-me com os meus verdadeiros olhos. Hoje, finalmente alcancei-me. Decidi respirar sem máquina. Quem decide os meus passos sou eu. São os meus pés que decidem onde piso. Só eu decido se quero dançar à beira do precipício ou esconder-me na gruta mais escura. Não me importa se concordas, discordas ou mesmo se não tens opinião. Eu basto-me. Danço muito bem sozinha. Caminho tão firme e segura, que não preciso dessas moletas. Vive junto a mim porque me admiras, não me acompanhes porque me necessitas. Se queres estar comigo, vem ao meu lado. Não te coloques à minha frente. Nem no alto pedestal. Não quero mais correntes. Quero liberdade. Quero correr livre. Respirar fundo, sem pressa. Viver sem medos. Ser feliz, é estares preenchido por dentro. E só tu te podes preencher. Os outros só te vão acrescentar. Alcança-te, regenera-te, felicita-te, enobrece-te, sente-te, alegra-te. Não te deixes dominar. Não te deixes contaminar. E se já deixaste, descontamina-te. E constrói-te. E se for preciso desmonta tudo e cria de novo. Preenche do zero. Mas fá-lo. Ama-te. Ama-te a ti. Amor próprio é o que te traz felicidade. É o que te vai proteger. É a tua muralha. O teu abrigo. O teu escudo. Por isso, cuida. Cuida-te. Então, eu hoje cansei. Tenho o espírito solto na vida. A alma a correr por aí. E quando quero, só eu a alcanço. Só eu me alcanço. Portanto, não quero mais, não. Não quero. Só quero o que for bom para mim. Só aceito amor. Então, se não quiseres respeitar-me, eu não quero mais. Quero-me a mim. Quero-me toda. Completa. E se me quiseres acompanhar, nesta jornada da vida, se te falto nos momentos, se te faço falta. Já sabes. Tu sabes. A decisão da tua vida só a ti pertence. Quando souberes se me queres dar a mão e caminhares ao meu lado aparece. Sabes bem onde me encontrar.

29 de dezembro de 2014

Não te deites antes do sol se pôr


Há muito, muito tempo, quando tudo ainda não era prédio, quando casa era refúgio de pedra e as terras não se chamavam pelo nome, havia uma menina de lindos cachos dourados. Chamavam-lhe de Lua. Mas não se escrevia assim, porque ainda nem se escrevia. Não se dizia assim, porque esta palavra não existia. Era Lua porque ficava por horas a observar o céu estrelado e a sua lua. Toda a gente da pequena povoação a conhecia assim. Todos se exprimiam diferente acerca do nome da pequenina, mas o significado era o mesmo. 
Durante o dia, Lua corria pelas colinas e colhia flores para oferecer à sua mãe. Brincava com os pequenos bichinhos da floresta e colhia frutos silvestres que guardava na sua sacolinha de palha adereçada junto ao seu peito. Os que mais gostava eram as framboesas e amoras. Conseguia passar horas e horas a comer. Comia tanto, que só terminava quando já toda suja, lhe começava a doer a barriguita. Depois, lá ía até ao riacho lavar-se e caminhava cantando até sua casa. 
Mas o que mais adorava era a noite. Adorava aquele céu estrelado. E aquela lua brilhante? Os outros meninos tinham medo da noite. Medo do escuro. Deitavam-se todos antes mesmo do sol se pôr. Havia mesmo alguns crescidos que faziam o mesmo. Sentiam-se expostos. Diziam que não conseguindo ver com clareza tudo à sua volta, não conseguiam caminhar. Que sem luz não avistavam o longe. Não reconheciam o desconhecido. “Pois está bem”. Pensava sempre Lua! Não podia discordar mais. De que serve ver tudo, se nada brilha? De que serve tanta luz, se assim nenhuma se destaca? Sim, de que serve? De que serve ver tudo a quilómetros de distância, e não se ser surpreendido? No escuro da noite, todas as estrelas eram belas. Até as mais pequenitas. Até as estrelas mais distantes cintilavam, como se chamando a sua atenção. Como a menina Lua adorava que chegasse a noite. E o escuro. Ela gostava da surpresa do mais além. Até o ar era diferente. Mais fresco, mais puro. “Noite, noite, que dás valor ao dia. E tu, lua magnífica, que só te impões por esta escuridão que vem refrescar a vida. E venham estrelas, estrelinhas. Venham piscar, no caminho da caminha. Venham que todas brilham, por mais longínquas que estejam. Vem noite. Vem noite estrelada. Vem, que sem noite, ninguém dá valor ao dia!”. Palavras da pequenina. Pensamentos da Lua menina. Frases da pequena Lua que levava seu lema de vida aos altos da sua grande amiga lua.


Então, não vamos esquecer: podemos ter luz, podemos ter calor, podemos ter amor, podemos ter companhia, podemos mesmo ter muita coisa. Podemos ter o que temos. Há quem chegue a ter quase tudo. Mas não teríamos luz sem conhecer a escuridão. Não daríamos valor ao calor, se não houvesse o frio. Não haveria a saudade, se não tivesse existido já a presença. Como sabes que queres a presença, se não houver a ausência? Diz-me como te secarias se nunca te tivesses molhado? Valorizarias o sol sem a existência da lua? E as estrelas? Irias conseguir vê-las se não estivesse escuro? Por isso, vamos aceitar o que a vida nos traz e perceber que por vezes para encontramos um caminho brilhante, necessitamos de percorrer um labirinto escuro. Ao invés de te queixares, aproveita a noite para veres as estrelas. O escuro serve para veres a luz. A sede serve para valorizares a água. Dá mais valor ao que tens. Dá valor a vida. Aproveita o momento. 

Por isso, não te deites antes do sol se pôr, por favor!

24 de dezembro de 2014

Ser feliz


Saio leve, a voar junto ao vento que corre logo pela manhã. Encosto a face à folha orvalhada e respiro a brisa fresca que me acorda e arrefece. Sei agora o que é. Sei do tempo que não foi e saio aproveitando o que passa. Não suspiro mais o passado e não sigo caminhando na luz do após que não vês devorar-te a alma. Inspiro bem de leve o perfume que agora aquece o meu peito e ilumina os meus passos. Quero tudo e não oprimo o sentimento que chega e deixo-o seguir na partida quando a hora vem. A sorte, é ter o fado de não viver preso no que foi e no que há-de ser. Ser feliz é tão fácil como deixar o tempo tudo levar e não colar no querer ficar ou partir. Estar tranquilo no espaço que tu tanto anseias mudar e alterar o rumo. Deixa passar a vida como ela quer seguir, e não feches as portas desse castelo que tão altas muralhas elevas. Quando te prendes no poupares a vida, no não sofregares a alma, inibes o encanto das flores que brotam desse jardim. Não te poupes da coesão das cargas e dos pólos da essência do agora. Deixa esse rio seguir em direção ao mar salgado e não coloques pedras de aço no caminho. Fecha os olhos e deixa entrar tudo aquilo que cabe nesse saco tão vazio que trazes contigo ao peito. Eu vivo pensado no momento perene. Sorrio na chuva e choro ao sol e deixo o arco-íris entrar logo pela manhã. Não me protejo do funesto porque não sei se essa fuga não me afoga. Não sei quando fujo do hábil sentido do que podia ter acontecido, se não fosse o monstro da proteção me encaminhar em direção oposta. Olha para mim. Não sou Deus. Não sou perfeita. Sou eu. Apenas eu. Mas sou feliz à minha maneira. E esta maneira de vida, tem um sentido, que caminha por onde a corrente leva. Tem um encontro que não cega as intenções. Abre as portas, para que esse ar prejudicial saia. Mas mais que tudo para que essa vida boa e cheia de sentimentos arrebatadores te faça sentir que estás vivo. Deixa entrar, para perceberes que também podes sentir, e que na vida, nem tudo é só ruir!

20 de dezembro de 2014

Experimenta-te!


Solidão. Diz-me, essas correntes que trazes amarradas a ti, são mais fáceis de carregar se eu também as transportar comigo ao teu lado? Conta-me lá. Tu, que vives rodeado de pessoas. Tu, que és tão social que não tens tempo para ti. Sentes-te preenchido ao fim do dia? Tu, que nem na cama consegues aquecer os pés sozinho. Sentes que te inflamam sempre esse espírito? Sentes essa alma aquecida? Sim, conta-me tudo. Tu, que dizes que aguentas tudo. Tu, que és o rei da selva. Dizes que és dono de ti. O teu mestre. Chegas a pensar ser o meu. Sabes muito bem quem és. Podes esconder-te atrás de tudo. Atrás do ego. Da cara séria. Do coração de gelo. E dessa expressão de quem tudo tem controlado. Podes mesmo usar essas tuas muralhas de pedra. Podes continuar. Tu, tu e só tu vais descobrir que solidão não é estar sozinho. Solidão é viver rodeado de pessoas que são apenas isso. Pessoas. Solidão, é não saberes ser feliz sozinho. Porque, vou-te contar. Vou-te contar só a ti. Tu, que te dizes homem feito. Acompanhado não significa junto. Muita gente te acompanha. Muita gente vai na corrente. Porque o peixe que tu pescas, também dá jeito apanhar. Junto, tens que estar primeiro de ti. Preenche-te para que depois alguém possa completar. Enche o teu copo de água. Enche. Enche bem. Só depois alguém irá trazer os limões e o açúcar. Aprende que para qualquer pintura é preciso tela em branco sem manchas. Sem furos. Sem cor. Não queiras colocar o telhado onde ainda nem há paredes. Respira. Isso que sentes sozinho não é solidão. Isso és tu. És tu sem quem. És tu a comandar. Porque enquanto não te formares capitão desse navio que tens preso no cais, não adianta recrutares marinheiros. Tem calma que tudo se alcança. A vida avança. Apenas sente a tua vida. Não a deixes passar e tu a olhar. Não queiras ficar nas correntes. Só, não é o escuro. Deixa-te só, que só vai demorar um pouquinho até te encontrares. Encontra-te, para no após seres descoberto. Quando aprenderes a te amares sozinho, estás a um passo de aprenderes a amar alguém. Por isso, te digo: estar só tem mais gente que a alma vazia de estar acompanhado de apenas pessoas. Ilumina-te, para que possas ser a luz. Então, tu. Sim, tu já sabes. Só e solidão, não é o mesmo, não. E estar só, não é tão difícil assim. Experimenta. Experimenta seres tu. Apenas tu. Experimenta-te! 

9 de dezembro de 2014

Erra e acerta


Há uma história, que corre pelas ruas e se ouve sussurrada pelo vento. A história de uma menina. O conto de agora uma mulher. A menina corria, brincava e sorria. Vivia numa aldeia pequenina. Desde que nasceu ela estava ali. Adorava aqueles montes e vales que rodeavam a sua casinha. Brincava sempre nos mesmos sítios, com os mesmos amiguinhos. Ela nunca se chateava. Deixava toda a gente decidir as partidas e jogos. Mesmo quando achava que tinha razão, ela sorria e não se importava. Ela só queria estar em paz e não sofrer. Como tudo era tão fácil. Todos tomavam as decisões por ela. Ela não tinha que se preocupar com nada. Apenas seguia toda a gente e acompanhava o passo. Mesmo quando não gostava ela ía. E assim, cresceu a menina. Respirou toda a rotina, vezes e vezes sem conta. 
Um dia, a pequenita adulta, deparou-se com a solidão na sua pequena aldeia. Onde estava toda a gente? Abandonaram-na! Só podia ser isso. E agora? Ela só pensava o que seria dela. Quem iria decidir o seu dia-a-dia. Não se apercebeu como aquilo aconteceu. E agora estava sozinha. Solitária.  Apenas só. Então, decidiu fazer tudo como sempre tinha feito ao longo dos anos. Passaram dias, meses, vários meses. E ela sentia-se igual, abandonada. E nem sentia prazer naquelas atividades. A menina chorou durante muitas horas. Sentia-se sozinha. Tão sozinha. Foi dormir cedo nesse dia. 
Pela manhã, acordou, abriu os seus grandes olhos, e fitou o teto durante vários minutos. A menina pensou: toda a gente seguiu os seus passos, abandonou a aldeia, os vales e os montes quando chegou a altura. Apenas ficou ela. Levantou-se, vestiu-se de maneira diferente de todos os outros dias. Pegou no seu carro e saiu pela estrada. Sem rumo, sem decisões, sem destino. E assim, começou a real vida da pequenita já crescida. A aventura. O crescimento interior. A linda menina descobriu que para se viver é preciso arriscar. É preciso sair da rotina. É preciso amor-próprio. Vontade. Mais do que estar protegida do sofrimento, dos vilões, é preciso encarar. É preciso vencer, perder. Porque o que se mantém parado são as árvores. E não, nós não temos raízes. Temos o mundo. Temos o tempo. Temos a hipótese de escolha. Porque, vida, não se pode chamar de vida, se não for mais com menos. Se não tivermos as desilusões para valorizarmos as vitórias. Porque sim, menina, não há arco-íris sem chuva. Não há alegria sem tristeza. Por isso, arrisca. Vive. Sofre. Sorri. Chora. Abraça. Só não fiques aí parada. Não deixes que comandem a tua vida. Segue o teu rumo. Segue, que todos os pedaços se juntam. Se estás presa, solta essas correntes e dá-te a oportunidade de viveres! Viveres tu, a tua vida! Erra, acerta, mas faz alguma coisa. Coragem. Não é difícil!

7 de dezembro de 2014

A estrada


Nos dias em que te perdes, para e olha à tua volta. A estrada sempre leva ao mesmo destino. A tua vida é uma grande esfera. O infinito do caminho é perecível na forma como levas os teus passos. Podem haver curvas, subidas, descidas, filas de espera e muita neve pelo caminho. Mas nunca te esqueças que os melhores condutores não se fazem de estradas direitas, caminhos simples e sem obstáculos. O truque não está no destino. A arma é a forma como encaras a estrada e todos os pneus furados e vidros partidos. Coragem, que é nos audazes que está a essência da mudança. Força, que é na diferença que está a meta da vida que tanto anseias que chegue!

6 de dezembro de 2014

Hoje à noite


É hoje. Uma daquelas loucas noites numa discoteca da ralé, onde só frequenta gente sem rumo. Gente que está bêbada de mais e que solta o pé para tentar esquecer tudo. Hoje é dessas noites. Quero a multidão, a confusão, a música alta e a língua solta. É aí... nessa altura, nesse preciso momento que eu te quero ver chegar! E como adorava ver-te! Porque hoje, o meu desejo por ti está solto. Quero falar-te ao ouvido. Sussurrar-te baixinho. Quero mostrar-te. E que me mostres. Hoje vesti-me para me despires. Quero conhecer o teu quarto escuro. Quero ter-te a noite toda e esquecer quando amanhecer para continuar contigo. Hoje sou tua. Fazes o que quiseres comigo. Fazes o que quiseres de mim. Porque hoje, eu quero tudo. Posso tudo e deixo-te poder o tanto e o muito. Por isso, vem. Vem borrar este batom. Vem beijar-me o pescoço. Vem que hoje eu vou dançar na pista para ti. Vão olhar. Tentar mexer. Tocar. Mas eu sou tua. E quando estivermos no ponto, vamos sair dali. E vamos para aí. Já te disse, hoje quero conhecer o teu quarto escuro! O teu lado escuro. O teu mundo negro. Essa alma negra. Quero que me carregues nos braços e me prendas. Que me rasgues a roupa. Que me beijes. Que me mordas. Quero tudo. Quero agora! Por isso, bebé, vem! Já sabes onde me encontrar hoje à noite.

4 de dezembro de 2014

O segundo de agora


Gosto de perceber hoje, o que não percebia ontem. De saber agora o que não sabia à bocado. Sim, gosto de descobrir. De crescer. Aprender. Aprender a concluir. A conclusão de hoje, que será a introdução de amanhã. Respiro fundo para absorver tudo. Aceito o que vem e aparece, como uma dádiva de orvalho num dia quente de verão. Cresço como planta após chuva e dia de nevoeiro. E sim, aceito. Aceito o que me queres dar. E o que não queres. Aceito o que é o momento e não tento descobrir o depois. Ao talvez eu não pertenço. Pertenço aqui e agora. Descubro o amanhã quando o passar que passou. Porque criança destemida que não vives os segundos, quando vives as horas do após, os minutos de agora foram no passado do tempo. Espaço que não sobra para pensar. Porque pensas de mais na vida. O talvez com que amanheces fica como perdurando todo o dia. Segue. E deixa seguir. Deixa seguir a vida. Apenas. Porque teres pena, já passou. E se o arrependimento durou, respira que o dia de amanhã chega. E percebe: a questão que esclarece, também é a questão que enlouquece. Ri. Sorri. E sê feliz. O que conta, é o segundo de agora.

24 de novembro de 2014

Outro lugar


Voa, porque voando 
Saiu o tempo que não passa em vão
E não tende a girar. 
Corre de leve e sopra 
Como quem não leva o passo de pena que a vida escreve
E a alma eleva para não acabar.
E sopra, respirando o mundo
Aspirando o ar 
E elevando a fé para qualquer lugar.
Corre que o tempo urge 
Mas o sonho que leva
A luz do luar não corre a atrasar.
E o respirar de agora 
Leva o amanhã suave para a chuva não transformar. 
E revela agora as formas de ângulo 
Que esse círculo que não foi e nem chegou a estar. 
Sopra, que sopras no vento 
E o sol que já não aquece não volta a fitar. 
E vai com o pássaro que voa 
E a folha que cai
Para ver o teu mundo girar. 
E quando pensares que o que foi, 
Numa brisa do mar revela 
E vem num barco à vela para então voltar. 
Segue e vive sonhando 
Porque a vida passando, 
O tempo não pára 
E o vento empurra para outro lugar!

22 de novembro de 2014

Hoje amo-te para sempre


Sim, amo-te! E não, não sou dessas que perde tempo a viver o depois. Se sinto, demonstro. Se te amo, não escondo. Não escondo nunca. Não aguento. Não aguento nada. Não guardo no cofre. Nem na caixinha que tenho pendurada ao peito. Abro o meu livro para ti. E lês todas as minhas páginas. Desfolhas todos os meus capítulos. Tu vês tudo de mim. E sim, amo-te. E vou dizer-to sempre. Sempre. Porque o meu sempre é hoje. E hoje, é que interessa. Se vou cair? Não sei. Se vais querer ouvir? Não sei. Não gosto de dúvidar. Gosto da certeza de que o disse. Certeza do sentimento que não prende. Que não vive sufocado. Que não fica agarrado. Guardado. Por isso, vou sussurrar-te ao ouvido. Sussurro que o que sinto é de agora. Que é tudo. Este agora que dura no sempre. Que dura e permanece. Por isso, digo-te: amo-te. E se te amo, amo a sério. Não brinco. Não adoro. Não gosto. Não aprecio. Ou relevo. Não te amo um pouquinho. Muito menos devagarinho. Amo-te assim. Imenso. Muito. Tanto e tanto. E expludo. Abraço. Falo. Aqueço. Beijo. Enlouqueço. Amo-te. Intensamente. Hoje. E sinto como se fosse para sempre. Sinto agora. E para mim, só funciona assim. Sentimento deste segundo. Paixão do que é sendo e vivendo.

E depois me perguntas: e amanhã? Amanhã, vais amar-me? 
Amanhã não sei. Mas hoje sei que te amo. E hoje amo-te para sempre.




Liberdade

Um dia, vem a vida e ensina-te que o prender não solta. O agarrar não liberta. O controlo não te protege tanto como pensavas. Não te abraça tanto como contavas. E aí percebes, que solto é que estás vivo. Que livre é que é respirar. Bom é correr sem destino. Caminhar sem correntes.

19 de novembro de 2014

Sê feliz. Agora. Por favor!


E aquela vontade de chorar? Chorar de tanto rir. Aquele rir alto. E o rir miudinho. Rir tanto que dói a barriga. E aquela vontade de partir gritando o quanto vale a pena viver? Aqueles dias em que acordas e sorris apenas porque estás aqui. Porque estás vivo. Já acordaste assim, eu sei.  E é tão bom. Sabe tão bem transpirares os teus sentimentos. É como o brotar de uma planta. É como o nascer de uma flor. E já pensaste? Podes sentir-te assim todos os dias. Sempre que queiras. Tu tens o poder de comandar a tua vida. Tu decides. Tu és o capitão do teu navio. Podes acordar, olhar a janela e não querer sair porque está a chover. Ou simplesmente, sorrir e agradecer pela chuva deliciosa que irá regar as flores que amas ver na primavera. É contigo. Estar feliz é um estado de alma. Ser feliz é uma opção de vida.  Está em ti a decisão. Só tu podes escolher o sorriso. Só tu podes escolher os canteiros de flores ao invés das silvas. Até as rosas com espinhos fazem um bonito bouquet. Até o mais duro dos dias   de chuva contém pequenos arco-íris. Apenas toma a decisão de acordares e colocares um sorriso no rosto. Assim , tudo se ajeita. Aceita o que tens no momento. Luta pelo que queres. Mas percorre esse caminho, sempre sorrindo e de mão dada com o perfume do jardim de felicidade que te rodeia. E nunca te esqueças: tu comandas o teu sorriso! Tu decides quando. Quanto. E só tu sabes o que vale a pena. Sê feliz. Agora. Por favor! 

17 de novembro de 2014

Gosto de ti


Gosto de ti. Gosto de ti como de há muito tempo. Como se o nosso ontem fosse vários anos atrás. Gosto tanto de ti que vejo o bom onde dizem ver mau. Gosto de tudo. Gosto de quem és.  Não me importa quem foste. Não me importa quem serás. Gosto tanto. Gosto assim. Mas gosto mesmo tanto que só te quero feliz. E é em ti que penso logo de manhãzinha. E à tardinha. E à noitinha. Fazes-me rir. Sorrir. Chorar. Fazes-me sentir que tudo vale a pena. Porque me fazes bem. Fazes-me tão bem. E sabes, eu gosto tanto de ti, que quando não gostares mais de mim eu não me vou chatear. Nem te vou querer magoar. Só te quero feliz. E se tudo for por um triz, não faz mal. Eu vou estar aqui. Quero que acordes com um grande amor. Quero que te façam sorrir. Quero o que tu mereces. E eu sei o que tu mereces. Um abraço. Um longo abraço que te faça sentir como se o mundo estivesse todo aqui.  O mundo todo para ti. Um beijo. Dois beijos. Vários e longos. Sentidos. E aquecidos. Gosto tanto de ti. Não perguntes porquê. Não me perguntes quando. Nem digas que é impossível. Impossível é não achares possível. Não é impossível ser feliz. Não é impossível gostares tanto de alguém que só lhe queiras bem. Porque há sempre alguém para quem. Porque um dia, esse dia vai chegar. E eu quero ser o teu anjo da guarda. Quero te proteger. Quero que contes comigo. Porque no amor, não me retenho. Porque por ti, não me contenho. Sim, é verdade. Gosto mesmo muito de ti.

13 de novembro de 2014

O depois logo se vê!


Não somos todos? Malucos. Descontrolados. Orgulhosos. Não foste já? Não foste onde não querias, mas foste. Não falaste e te arrependeste? Sim. Já fizeste tudo isso. E diz-me: e quando não vais? E quando não dizes? Não será preferível ser quem és? Viver esses momentos de loucura.
Não vivas com o que podia ter sido. O que podia ter sido dito. O podia não pode. O podia não foi. Sê espontâneo. Sê impulsivo. Porque se o sentes, é porque o fizeste. Porque o viveste. Experimentaste. Senão como irias saber? Tu sabes...Sabes que não há arrependimento no que não é feito. Sabes bem que o suposto, o será, o talvez, destrói e corrói. Estás vivo. Tens que pedalar. Viver intensamente. Que não te cheguem os porquês. Não aceites os talvez. Sim, aceita a merda que fazes. Aceita toda a merda que sai dessa boca. Tudo que essas mãos acatam. Aceita simplesmente. Aceita e encara. Mas não penses muito. Vive tudo o que queres e não te reprimas de nada. Dá-te tudo aquilo que achares ter direito. Só tu sabes. Não sou eu que sei por ti. Nem o teu namorado. Nem a tua amiga. Nem a tua mãe. Nem o teu cão ou o teu papagaio. Diz asneiras. Faz asneiras. Permite-te viver. Não guardes tudo aí dentro. Por muita arrumação que possa ter esse quartinho, um dia vai encher. Vai encher tanto!Vai ficar abarrotado! Cheio do que presta e do que não presta. E diz-me: como vai ser? Muito lixo para descartar. Muita coisa para arrumar. Por isso, não reflitas sempre. Se te faz sentir, sente. E se o sentir é bom, faz. O depois logo se vê. O futuro não sabes. Por isso usa esse agora. Explode! Descontrola-te! Sê quem tu és agora e não vivas pensando quem serás amanhã. O que será amanhã se fizeres agora. Faz quando queres. Faz porque queres. Acredita. O depois logo se vê!

Carta para ti, Vida



Olá vida! Estás aí... Já reparei, sabes? Já vi o teu sopro. Respiro esse ar todos os dias. E vou respirando sempre. Até naqueles dias de fracasso. Sim, e nos de alegria e regozijo. Porque tu és isso. Tu és o bom. E as vezes és o mau. Mas o teu mau não deixa de ser bom. Porque diz-me vida: o que aprender contigo, se não nas alturas em que me levantas a voz. Quando me falas baixinho, eu ouço, sim. Mas acho que o sussurro se perde no vento. Por isso aquelas vozes de espanto. E por vezes os castigos. Eu sei vida. Eu sei. Eu sei que quando isso acontece me custa muito. Às vezes choro feito criança mimada. Faço birra contigo. Até resolvo não te falar mais. Sim. No fundo eu sempre sei. Sei que és uma mãe. Uma mãe que castiga. E tanto te odeio às vezes. Mas quando te amo. Quando te olho bem. Quando sinto o porquê de ti. De tudo. Quando olho à minha volta. Agradeço-te. Por isso, obrigada. Obrigada pelo que me ofereces. Pelo que me dás todos os dias. E agradeço-te pelas pauladas. Pelos chutos no cú. Porque a cada um deles eu ando mais em frente. Por isso vida, continua.

11 de novembro de 2014

Lobo mau


Que lobo tão grande que vivia naquela floresta!...Um animal de meter medo a qualquer outra criatura que habitasse nas redondezas. Por ali quase toda a gente o evitava. Ao certo ninguém sabia bem porquê. Se era medo, se era respeito, se era pelo feitio complicado. A verdade é que nem eu percebia muito bem. 
Eu já tinha privado com ele. Na altura pareceu-me ser um bom lobo. Às vezes retirava aquela expressão séria e parecia mesmo sorrir para mim. Houve momentos que nem me sentia na sua toca. E quando sentia, gostava. Porque sabia que estava ali. E para o que estava ali. Cheguei a entender o interior daquela criatura peluda e desorganizada. Muitas vezes olhei lá no fundo e entendi tudo. Li e reli as histórias e as desventuras daquele animal. 
Ainda hoje, passou por mim, e enquanto todos os outros estremeceram, murmuraram e se afastaram, eu deixei-me ficar. Ele até pode rosnar. Uivar. Pode passar com aquele ar altivo. Eu vi, olhei e gravei. O lobo mau da floresta. Sim, o lobo mau! 
Até porque um dia eu conheci um carneiro, um carneirinho muito bonzinho. Toda a gente gostava dele. E olhei, observei, convivi e ouvi. E percebi. Percebi que aquele cordeirinho era um animal disfarçado. Um animal enganado. Porque na minha vida, na minha casa e na floresta onde vivo, prefiro um lobo mau com coração de cordeiro, do que um cordeiro com alma de lobo mau. 

Quando




E quando te faltas, 
Que não te falte o sorriso. 
E quando não te encontras, 
Que não te falte o caminho. 
E quando o agora vem, 
Leva-o de mão dada pela manhã, 
Antes que a noite chegue.

10 de novembro de 2014

Palavras


Tu sabes que muitas palavras se perdem no tempo. Muitas mesmo se dissolvem no ar ou se perdem na corrente do mar. Sabes tão bem quanto eu que as palavras muita vezes são fáceis. Plantar a semente sempre foi mais fácil do que a regar durante meses. Não adianta de todo soltares as palavras ao vento, amigo. O vento as leva para longe e talvez não as traga de volta. Por vezes voltam rasgadas. Sabes muito bem que não há garantia. Sabes que quem garante é quem faz. As palavras são bonitas, são mágicas e provocam sorrisos. As ações promovem atitudes. A realidade mora no agir. No fazer. No realizar. Meu amigo, é tão fácil escrever coisas bonitas. Mas o acontecer...Ai, o acontecer!.. Pega nessa história e transforma em vida. Transforma esses recortes soltos no espaço em puzzle completo. Transforma as palavras ditas e coisas escritas em mundo verdadeiro. Estou aqui para ver. Porque toda a palavra dita, pode não ser mais que promessa feita. Dito que não dito, pode ser a fita, a mentira, o agora que não vai ser depois. 

6 de novembro de 2014

Olhos vendados


Fui entrando pé ante pé. Entrei bem de mansinho. Devagar, devagarinho. Olhos vendados. Aventura. Risco. Por vezes sombras e decalques. Quase tropecei no caminho. Estava escuro. Mas quis assim. Continuei. Uma, duas, três vezes tropecei. Depois, caí e levantei-me. Apoiei-me. Haviam espinhos. Piquei-me. Mas passou. Não durou. Continuei. Passos leves. Respiração ofegante. Nervosa, bem nervosinha. Eu queria assim. O tempo correu. Voou e entardeceu. Retirei a venda. Olhei para trás. Pequenos obstáculos. Transponíveis. Teria sido fácil. Muito fácil. Com a vista à vista. Olhei para a frente. Altos muros. Grandes portões. Muitas grades. Silvas perigosas. Olhos descobertos. Vista despida. Olhos vendados? Olhos destapados?

5 de novembro de 2014

Sonhar

Inscrito em todo o teu suor
Em todas as constelações de teus sinais
O que me faz continuar a sonhar. 
Talvez consideres pesadelo de teu ser
Continuar a insistir no que sustenta meus momentos de alegria. 
Aqueles em que te olho e vejo que olhas o mesmo por do sol.
O sonho que talvez um dia vá partir, 
Está agora encalhado,
Preso à âncora do teu olhar,
Na praia da tua face. 
Sonhar, será então, 
Uma pequena paragem feita em porto onde desconheço marinheiro. 
Será o tempo necessário para começar de novo.

3 de novembro de 2014

Olha o arco-íris!

Não quero esse teu mundo incoerente. Não quero andar a saltar por entre esses teus riachos tão sem nada. Porque no teu mundo está muito a chover. E no meu só faz sol. Mas quando tu deixares, talvez a chuva acalme. Talvez o tempo corra na minha direção. Talvez chegue dia de arco-íris. Sorrisos e caminhos de sentinelas e pirilampos. Porque eu quero viver o agora e contar as pedras da calçada segundo a segundo. Entender os decalques do fogo e os pormenores da lua. Contar as estrelas suspirando. Ave esvoaçante, vives no futuro. Colocas a tua vida na mão do destino. Planeias como quem escreve um livro. Não deixas crescer. Forças o rio a correr em direção ao mar. Deixa o rio seguir o caminho com calma. Deixa-o percorrer os vales e encontrar as flores e outros rios. Pára de escrever assim. Não planeies. Deixa a vida correr. Olha que ela não gosta de ser planeada. Perseguida. Deixa que o mundo te leve. Deixa que o tempo percorra o que tu lhe queres dedicar. Esquece os planos. Abandona o depois. O porquê. O será. Não pares tanto tempo. Não desgastes a vida. E não te desgastes. Não recuses a felicidade. O arco-íris. Porque enquanto estás aí, eu estou aqui. Vivo intensamente o meu sol. O dia bom de hoje. Os segundos de agora. Deixa os minutos de amanhã. Deixa-te respirar livremente. Deixa-te sorrir. Abre os braços e sente a chuva diminuir. Deixa a tua chuva encontrar o meu sol. Olha o arco-íris!

28 de outubro de 2014

Princesinha, a rainha da coroa de flores!


Era uma vez uma princesa. Pequenina, loirinha, olhinhos de amêndoa e pele muito branquinha. Vivia num castelo muito grande, rodeado de muralhas muito, muito altas. A princesa sempre teve muito medo de se aproximar. Estava tão bem dentro do castelo: quentinha, protegida, com todos os confortos e mordomias. Nunca tinha que pensar em nada, preocupar-se ou ter medo do que quer que fosse.
Um dia, a princesa acordou diferente. Não sabia bem o que tinha, mas estava diferente. Abriu a janela e olhou para o céu. Respirou aquele ar e pensou : "Vivo há tanto tempo neste castelo!". Mas o que a princesa não sabia, era que na realidade, nunca tinha conhecido o mundo lá fora.
A princesa inspirou fundo e deixou-se estar a olhar o céu durante mais uns minutos. Foi quando de repente, uma pomba veio parar mesmo à sua frente, no parapeito da janela. A pomba virou a cabecita para a direita e depois para a esquerda. Deu uma picadela na mão da princesa e saiu voando para além das muralhas. A pequenina princesa suspirou, ganhou coragem, soltou o cabelo do laçarote que tinha preso bem no altinho da cabeça, despiu o vestido todo trabalhado em pérolas, e deixou-se ficar apenas com o corpete e as calças de veludo interiores que todas as meninas princesas usavam por baixo dos seus melhores vestidos. Saiu pela porta grande do salão, aproximou-se das muralhas e respirou profunda e lentamente. Olhou para as escadas muito a pique que terminavam mesmo lá no alto, na muralha. Subiu degrau a degrau, aproximou-se da borda e olhou para o que rodeava o castelo. Uma floresta verde, com muitas árvores floridas, pinheiros altos, arbustos com muitos frutinhos vermelhos...e o cheiro?...Aquele cheiro!... Era parecido ao seu perfume, mas mais puro, mais fresco, intenso, verdadeiro. Naquele momento, a princesa não duvidou. Precisava passar aquelas muralhas, correr em direção àquela floresta, respirar mais de perto aquele ar, sentir aquele cheiro.
A pequenina questionava-se porque nunca tinha passado aquelas muralhas. Porque nunca tinha vivido aquele mundo lá fora. Até porque os grandes portões sempre estiveram ali...à disposição dela. Poderia ter ido em qualquer altura. Nunca esteve presa ali dentro. Sempre esteve daquele lado por livre e espontânea vontade. Mesmo sem perceber porquê, até porque naquele momento não era o que mais interessava, a princesita desceu as escadas e pediu aos guardas para abrirem o grande portão. Não hesitou: saiu, viveu, correu, magoou-se, curou-se, sorriu e chorou. E sim, a princesa voltou ao castelo. Voltava sempre que precisava de repousar os olhos das cores vibrantes e dos cheiros intensos daquela floresta. A princesa voltava!... A pequenina, agora rainha com coroa de flores! Mas nunca, nunca mais fechou ou deixou que lhe fechassem os grandes portões.

24 de outubro de 2014

Tu, que dizes?

Porque tanto reclamas? Passas a vida a queixar-te. É porque tens frio e porque tens calor. Porque estás feliz de mais ou porque a tua vida é um inferno. Estás bem, mas queres estar mal. Quando mal queres estar bem. Essa vida que tu levas, só te prende. Só te deixa para trás. Diz -me o que queres. Achas que vais chegar a lado algum? Pensas mesmo conseguir alguma coisa assim? Deixa-me rir. Então, te digo: não passas de um ignorante e energúmeno  que nunca vais sair da cêpa-torta. É que és cêpo. E vais continuar torto! Pessoa, acorda! Acorda, desses queixumes! O mundo que te rodeia não é teu! Tanto te queixas que me dói a cabeça. Dói-me de tanto te ouvir. E sabes uma coisa? Não me queixo. Estou aqui. E estou para ti. Mas vais parar. Parar de te queixar. O quê? Tu, que dizes? 

22 de outubro de 2014

Quem garante?


Rasgada e ferida. Indomavelmente crua. Tempestuosa. Ora serena, ora falada. A orla em que me encontro. Escura, abafada, longínqua. Eu não acredito ser! Mas serei? Sou. Nervosinho miúdo, neblina de palmo e terra. Sou eu. Eu. Não acreditei ao princípio. Conspiração maldita! Como poderia ser? Não seria. Ou seria? Seria. Era eu. Eu. Falsa? Não! Mas parecia. Ou pareço? Tamanha confusão. Tamanho embrulhar de petrificadas soluções. Embaraços. Egoísmo. Egoísmo. Mergulhei nele. Afogada? Quase. Salvei-me da tal luzita brilhante. Foi por ti. Por ti. Deixei-a estar. Mais um pouco. Ainda é cedo. Miudeza. Sacanagem. Danado consentimento. Efémero desejo. Só para contigo. Só pára contigo. Mais tarde. Ou mais cedo. Platão? Não! Melhor. Muito melhor. Entre abraços e castigos. E até perdições. Maldades! Sentida. Injusta. Ora serena, ora falada. Saqueando. Saqueando-te. Mesmo. Brilhante. Mas apagada. Triste. Sonhos e pesadelos. Sonhos. Vou sonhando. Sonharei? Sim. Acredito. Confesso. E vou confessando. Mais te confessarei. Aos pouquitos. Não te chateies. Sabes que gosto de ti. Assim. Desta maneira. Infinita. Duradoura. Persistente. Admito? Hum...Não sei! Sofrerei? Talvez. Quem garante? Ninguém. Vou arriscar. Vale a pena? Diz -me tu. Tu. E eu.

Quanto baste

Tudo tem um tempo. Tudo tem uma hora. Não queiras atropelar os momentos. Não queiras chegar ao destino, sem antes passares pelo trânsito. Pelos cruzamentos. STOPS. Sinais de cedência. Porque ao longo do caminho, vais encontrar sinais vermelhos. Verdes. Amarelos. E intermitentes. E precisas disso. Precisas de parar. De olhar com atenção. Por vezes vais ser avisado. Multado. Multado por excesso de velocidade. Outras vezes por ires devagar demais. Acalma-te. Viaja devagar e depressa o quanto baste. Não queiras atropelar peões. Não reconhecer as passadeiras. Viaja com tranquilidade. Usa o cinto de segurança e não passes os limites de velocidade. Mas não pares. Viaja sempre. Mas viaja ao teu ritmo. E deixa o tempo, levar as horas que precisar para chegares ao destino.

21 de outubro de 2014

Bem-me-quer mal-me-quer


Bem sei que ainda está longe a primavera. O inverno ainda nem chegou. Mas não compreendo as estações. Não compreendo o ciclo. A repetição. Aqui só há flores. Flores, folhas, jardins e às vezes nevoeiro. Outras vezes vento. Vento, muito vento. E eu sopro. E sopro. Porque às vezes, meu bem, tudo é bom. Outras vezes, tudo é mau. Então, te digo: não vivas as estações. Vive a chuva. O sol. O frio. O quente. A noite. O dia. Porque um dia, meu amor...Um dia, é bem-me-quer, e outro dia, meu bem, é mal-me-quer.

18 de outubro de 2014

Como um segredo


Deixa-te estar dentro de ti próprio, não saias do casulo que construíste, não saias do universo alienado. Fecha essa porta que te define e que mostra o teu mundo aos profanos. Fecha esse teu arco de esperança, a tua bola de cristal não existe, é ilusão tua, é o teu sonho transformado em quase nada. Despe-te da ira que te domina, contradiz-te em segundos, e não esperes pela hora que se aproxima, não esperes pelas lágrimas que querias ver cair ou sentir. Eleva o teu corpo acima de ti próprio, sobe as escadas, escala a muralha dos teus olhos e funde-te no outro que te atrapalha, que te deixa sem jeito, que amas. Planta a árvore da vida que cortaste com as tuas mãos, mexe na terra molhada e na água fria, chama o vento e respira o ar, não queiras dominar o fogo que tens dentro. Deixa-te voar, nesse plano que se estende à beira do teu abismo. Deixa-te estar só, ou com mais alguém. Nunca te dês um fim, deixa-te escrever a primeira palavra, que o resto eu digo-te ao ouvido como um segredo.


17 de outubro de 2014

Só eu sei


Há dias assim. Dias em que só eu sei. Só eu me percebo. Completo. Respeito. São dias às vezes de chuva. Dias às vezes de sol. São dias. E são noites. Noites em que quero estar sozinha. Sozinha e contigo. Porque te quero. Mas à minha maneira. Quero porque quero. E porque só eu sei. Sei que só eu sei. Mas não sei o que quero. Se te quero hoje. Se te quero sempre. Há dias assim. Em que só eu sei.

Assim escondida


Hoje quero esconder-me. Não quero que ninguém me veja. Ou que alguém me olhe.
Hoje vou andar pelo escuro. Vou fugir da luz. Fugir do dia.
Hoje só saio à noite. Vou sair à noite. E durante a noite vou fingir que é dia. Vou andar assim escondida. Assim por aí. Escondida.
Hoje quando estiver escondida vou ver nascer o dia. O sol nascer. O dia começar. A noite acabar.
Hoje depois da noite, já vou querer o dia.
Hoje vou deixar de querer andar assim escondida.

16 de outubro de 2014

Podes dar um jeitinho


Será que hoje podes acordar bem disposto? É hoje o dia que te levantas da cama e finalmente deparas com a realidade? A tua realidade. Aquela que está à tua volta. Sim, essa toda. Estás vivo e estás aqui. Não podes continuar a sonhar a vida toda. O trabalho, os problemas, as desilusões, as tristezas e as angústias. Sim, essas coisas que tornam a tua vida num inferno. São essas mesmas coisas que te tornam quem és. Tu não vives num sonho. Aqui é a realidade. Aprende a vivê-la. Aprender a gostar. Amar. Sofrer. Viver. E amar. Amar mais. E mais. Aprende. Aprende sempre. Estás aqui para chorar e para rir. Acorda para a realidade e vive intensamente. Vive o frio e o quente. O verão e o inverno. Abre os olhos. Tira a máscara. Afasta as cortinas. Porque tu estás aqui. Vives neste momento. Neste mundo. Mundo onde tudo acontece. O bom e o mau. Onde há pessoas tristes e contentes. Pessoas que gostam de ti e outras que te odeiam. Vá, acorda. E se duvidares tenta de novo. Tenta. Tenta uma e outra vez. Tenta até conseguires. Até dares um jeito. Eu sei que podes dar um jeitinho.

15 de outubro de 2014

Vive


Olá. Sou eu. Eu quem. Tu sabes. Não deves saber. Se sabes. Como sabes. Viver não é saber. Saber não é viver. Respira. Inspira. Expira. Um passo de cada vez. Uma corrida vagarosa sem meta. Porque queres chegar sempre a algum lado. A algum porto. Porque não navegar e marejar uma onda. Apenas. Apenas uma onda. Tu queres um mar inteiro. Um oceano todo para ti. Naufragar sem perder o sentido. Fugir sem ser encontrado. Queres tudo. E não queres nada. Queres e não queres. Queres porque queres. Deixa de querer. Esquece o destino. Navega apenas. Apenas. Solta o futuro. Esquece o passado. Vive o presente. Vive. Vive. Vive. Vive bem. Vive feliz. Vive o dia-a-dia. Vive porque sim. Vive sempre. E vive todos os dias. Isto sou eu. E tu quem és.