9 de dezembro de 2014

Erra e acerta


Há uma história, que corre pelas ruas e se ouve sussurrada pelo vento. A história de uma menina. O conto de agora uma mulher. A menina corria, brincava e sorria. Vivia numa aldeia pequenina. Desde que nasceu ela estava ali. Adorava aqueles montes e vales que rodeavam a sua casinha. Brincava sempre nos mesmos sítios, com os mesmos amiguinhos. Ela nunca se chateava. Deixava toda a gente decidir as partidas e jogos. Mesmo quando achava que tinha razão, ela sorria e não se importava. Ela só queria estar em paz e não sofrer. Como tudo era tão fácil. Todos tomavam as decisões por ela. Ela não tinha que se preocupar com nada. Apenas seguia toda a gente e acompanhava o passo. Mesmo quando não gostava ela ía. E assim, cresceu a menina. Respirou toda a rotina, vezes e vezes sem conta. 
Um dia, a pequenita adulta, deparou-se com a solidão na sua pequena aldeia. Onde estava toda a gente? Abandonaram-na! Só podia ser isso. E agora? Ela só pensava o que seria dela. Quem iria decidir o seu dia-a-dia. Não se apercebeu como aquilo aconteceu. E agora estava sozinha. Solitária.  Apenas só. Então, decidiu fazer tudo como sempre tinha feito ao longo dos anos. Passaram dias, meses, vários meses. E ela sentia-se igual, abandonada. E nem sentia prazer naquelas atividades. A menina chorou durante muitas horas. Sentia-se sozinha. Tão sozinha. Foi dormir cedo nesse dia. 
Pela manhã, acordou, abriu os seus grandes olhos, e fitou o teto durante vários minutos. A menina pensou: toda a gente seguiu os seus passos, abandonou a aldeia, os vales e os montes quando chegou a altura. Apenas ficou ela. Levantou-se, vestiu-se de maneira diferente de todos os outros dias. Pegou no seu carro e saiu pela estrada. Sem rumo, sem decisões, sem destino. E assim, começou a real vida da pequenita já crescida. A aventura. O crescimento interior. A linda menina descobriu que para se viver é preciso arriscar. É preciso sair da rotina. É preciso amor-próprio. Vontade. Mais do que estar protegida do sofrimento, dos vilões, é preciso encarar. É preciso vencer, perder. Porque o que se mantém parado são as árvores. E não, nós não temos raízes. Temos o mundo. Temos o tempo. Temos a hipótese de escolha. Porque, vida, não se pode chamar de vida, se não for mais com menos. Se não tivermos as desilusões para valorizarmos as vitórias. Porque sim, menina, não há arco-íris sem chuva. Não há alegria sem tristeza. Por isso, arrisca. Vive. Sofre. Sorri. Chora. Abraça. Só não fiques aí parada. Não deixes que comandem a tua vida. Segue o teu rumo. Segue, que todos os pedaços se juntam. Se estás presa, solta essas correntes e dá-te a oportunidade de viveres! Viveres tu, a tua vida! Erra, acerta, mas faz alguma coisa. Coragem. Não é difícil!

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