3 de junho de 2016

Montanha Russa


Muito se fala do amanhã. Do depois. Do talvez. Muito se fala no que será de nós após a morte. Muito se fala no que se sente, no que se mais não sente. Onde se irá? O que iremos fazer? Será que iremos de todo fazer alguma coisa? Muito se pensa acerca do que há de vir. Muita conversa corre sobre o será será das horas que um dia virão ao nosso encontro. Será escuro? Será que há mesmo uma luz? Será que dói? O que será do amanhã? Será que vou conseguir? Muito se questiona tudo na vida.


Eu não sei nada sobre o meu futuro. Não sei de todo. Também não sei sobre o teu. Não faço númerologia. Não sou crente em adivinhação. E não me rejo pelo horóscopo. Sim, é verdade! - Já vivi presa a estigmas complexos, já vivi crente de paradigmas sem nexo. Já vivi! Já fui aquela que me importei mais em saber se essa dor existe. Se um amor é triste. Se o escuro não irá ter pavio aceso. Já me importei mais no possível imaginário do que na espontaneidade do momento. Já vivi de palavras. Minha alimentação era o verbo do dia-a-dia. O respirar era o pensamento profundo do virá - não virá. Já vivi os dias esperando o futuro. Um amanhã melhor. Um dia que não o de hoje. A paz que queria, rezava por ela depois. Eram tempos de expetativas. Minutos de desejos e lutas para um segundo que não este.

Ponto final.
Pus ponto final.
Pus um ponto final visível e bem rechonchudo.

Comecei por aí. Larguei a interrogação diária. Constante. Asfixiante. As palavras fáceis: agora exclamo! Exclamo, ponho ponto e vírgula, reticências e muito mais. Levo a vida no dia. Não sufoco o amanhã. Não me interessa se há luz. Não me interessa se é escuro. Eu não sei nada sobre o meu futuro. Não sei de todo. E sabem: não quero saber. Não quero mais tentar adivinhar a vida. Prefiro o carrossel gigante. A montanha russa. A aventura constante. Quero correr e cair. Cair e levantar. Levantar e correr. Quero sentir o ar na minha pele. Quero superar os problemas. Quero ser capaz. Ser forte. Ser audaz. Quero que a vida passe. Não quero vê-la passar. Faço pelo que quero. Acabou a espera sentada. Então, as palavras ao vento, agora as prendi no meu peito. E dessas palavras presas com um nó de aço, fiz palavras em laço, e as transformei em ações soltas de vida e sol. Deixa correr a vida. Tens muito que viver para pensar no depois. No incerto. No desfeito. No será de tudo. Vai e atira-te na piscina fresca. E se não souberes nadar, vai colocando os pézinhos, que eu já vou lá ajudar.


29 de fevereiro de 2016

Pancadinhas de amor


Pancadinhas de amor. Palmadinhas levezinhas. Estaladitas amorosas. Bem, poderia ficar aqui o resto do dia a enunciar vários sinónimos para: o nosso dia-a-dia. Ou seja, a nossa rica e querida amiga Vida

Pois então, quem não levou já umas palmadinhas da comparsa vida, que coloque um dedo no ar.  Meus caros colegas, leitores da minha jornada - lembram-se dos castigos aplicados pelos vossos papás? E das demais palmadinhas, chineladas (por vezes açoitadas mesmo fortes), dos olhares reprovadores, e de toda uma panóplia de gestos que nos assemelhavam a torturas demoníacas, que só um ser consumido pelas trevas poderia aplicar sobre nós? Sim, não tenham vergonha... É verdade! Quantas vezes pensaram que os vossos pais não vos amavam: "Mas porque é que não fui adotado à nascença?", "Os pais dos meus amigos não são assim!", "Que azar de vida, se pudesse apenas acordar à hora que me apetece e só comer o que gosto!". 

Pessoal!!! É isso tudo! Este texto é mesmo sobre isso!... Sim... Óbvio, mas por vezes tão escondido naquele recôndito canto da nossa mente mais profunda. 

Mas porque será, que em tudo na vida, nós sempre (ou quase sempre!) queremos ir pelo caminho mais difícil? Porque será que só vemos paisagens bem mais que óbvias na nossa vida, mais logo? Amanhã? Daqui a um ano? Porquê??? 

Eu digo-vos porquê. Longe estou de tudo saber. Longe mais ainda estou, de ser uma pequena sábia e perspicaz moça de 28 anos (oh meu Deus! - aqui entre nós, eu apenas insisto na moça, jovem, entre outros de tão precoce idade na conotação porque não quero aceitar que irei entrar nos 30). "People", eu estou tal e qual vocês! Perdida e achada neste nosso mundo. Mas sou uma daquelas pessoas que tem o dom, de como um mosquito no Verão, zumbar e mais zumbar nessas vossas cabecinhas, mesmo ao lado do vosso ouvido, todo o santo tempo! E sim, publicar estes textos que no fundo não são novidade, nem são nenhuma ciência oculta escondida.

Dito isto, que em modo de autobiografia barata, me fez escapar um pouco ao verdadeiro cerne deste texto, vamos ao que realmente interessa.


Amigos, a vida é tal e qual os nossos pais. Educa-nos. 
Por vezes, a única forma de aprendermos, é mesmo pelas tais pancadinhas de amor. 
Pancadinhas, porque nos doem, nos ferem, muitas vezes torturam. De amor, porque nos fazem crescer. Nos preparam para o realmente difícil. Preparam-nos para a jornada. Para o grande caminho. Para destinos maiores e melhores. Quem nunca de vós olhou para trás e pensou no quanto sofreu em vão? Quem nunca? Não mintas para ti próprio... Eu apenas estou aqui para vos relembrar: não sofram demasiado! Não asfixiem na espera! Não percam a paciência! Tenham calma por favor! Que será de vós perdidos num pântano de terra, quando um dia mais tarde de um vulcão em erupção tereis que fugir? Não corram com pressa. Tropeçam se a corrida for grande de mais para a vossa passada. Deixem que a vida vos vá ensinando. Guardem os momentos bons. As lembranças doces. Abracem quem o bom acrescenta à vossa vida. Sorriam. Sorriam sempre. Mesmo quando pensam não haver motivos. O sorriso é contagiante. As boas vibrações são como as labaredas de uma fogueira num terrível dia de inverno. Sorriam! Agarrem-se a tudo de bom. 
Porque a vida é igual para todos, com melhores e piores momentos. 
E pensem: nós somos todos humanos. 
Somos e aceitamos quem queremos ser. As pernas são nossas. Os passos por nós são dados. 
Quem escolhe o caminho és tu. Deixa que seja mais fácil. Decide que é fácil. Decide! Porque tu mandas! Só tu, mandas em ti! :)

18 de fevereiro de 2016

Amiga


Amiga. Isto é para ti. Escrevo-te porque te quero bem. Porque te quero a sorrir. Olha para ti. Não fiques assim. Não tens porque ficar triste. A vida assim não existe. Uma coisa te digo: eu estou aqui. E estou para ti. Não fiques triste. A vida insiste. O tempo corre e tudo surge. Tem calma que chegas lá. Respira devagar. Sorri rápido. Sorri agora. Sorri para mim. Princesa, a vida é assim. A tiara às vezes cai. Hoje gata borralheira, amanhã Cinderela. Abraça a vida. Dá uma oportunidade. Acredita. Deixa acontecer. Vai andando. Caminhando. E ás vezes corre. E se tropeçares e caíres. Levanta. E continua. Isto é para ti. Amiga.

10 de fevereiro de 2016

Ação & Reação


Não podemos colocar a nossa assinatura no que não nos pertence. Tem por hábito acontecer, acharmos que objetos ou pessoas nos pertencem de alguma forma. Entusiasmado-nos com as circunstâncias, deixamo-nos levar pelos sentimentos, ou simplesmente acolhe-nos aquela vontade da facilidade do saber quando se conta - a facilidade do adquirido.

Mas a verdade é só uma. As pessoas não nos pertencem. E quantos não são os objetos que julgamos ter em nosso poder, que de todo são apenas artífices da vida. 

Podíamos falar sobre perenidade. Do certo e do errado. A vida não é isso mesmo? Uma mistura de formas de estar que varia de dia para dia. Um posicionamento temporal daquilo que somos e de como queremos que o tempo surja. Fácil é achar que nos pertence. Fácil é o sentimento de dívida. E quantas vezes queremos a tal independência, e cuspimos da boca com facilidade o quão é linda a vida de se ser forte e seguro de si. Tão bom estar seguro que se está só e se está bem. Tão tranquilo é estar sem nada ter que provar. A verdade é que a utopia do nosso ser, nem sempre encarrilha com a dura forma em que a vida nos desperta.

São seguras as palavras. Mas não o são as acções. São fáceis as palavras. Mas não o são as acções.
O que seria de tudo, se apenas fossem os proferires e tão momentâneos e fáceis dizeres. E é tão fácil de ouvir. E é tão difícil de fazer. Quando tens certo o que nem raízes tem. Quando tens fixo a areia movediça, que por entre os teus dedos se vai perdendo e soltando com o vento e o agitar das ondas.

E é só quando a maré desce que apanhas as conchas por ela esquecida. Quando as cortinas no grande palco se abrem, que poderás aplaudir o momento trespasso. É quando o chicote da vida te trespassa a carne que sabes o valor da pele limpa numa manhã de orvalho. E se fosse fácil a vida, se sempre fosse reta e não curvilínea, como aprender a mudança de direção e o acalmar na curva mais apertada? Aprende a dirigir na curva mais sinuosa. Amanhã, na reta longa e macia, tu vais sentir a brisa calma e espontânea do dia. Dirige sem pressa. Mas dirige. Ora experimenta!...