Saio leve, a voar junto ao vento que corre logo pela manhã. Encosto a face
à folha orvalhada e respiro a brisa fresca que me acorda e arrefece. Sei
agora o que é. Sei do tempo que não foi e saio aproveitando o que passa. Não
suspiro mais o passado e não sigo caminhando na luz do após que não vês
devorar-te a alma. Inspiro bem de leve o perfume que agora aquece o meu peito e
ilumina os meus passos. Quero tudo e não oprimo o sentimento que chega e
deixo-o seguir na partida quando a hora vem. A sorte, é ter o fado de não viver
preso no que foi e no que há-de ser. Ser feliz é tão fácil como deixar o tempo
tudo levar e não colar no querer ficar ou partir. Estar tranquilo no espaço que
tu tanto anseias mudar e alterar o rumo. Deixa passar a vida como ela quer
seguir, e não feches as portas desse castelo que tão altas muralhas elevas.
Quando te prendes no poupares a vida, no não sofregares a alma, inibes o
encanto das flores que brotam desse jardim. Não te poupes da coesão das cargas
e dos pólos da essência do agora. Deixa esse rio seguir em direção ao mar
salgado e não coloques pedras de aço no caminho. Fecha os olhos e deixa entrar
tudo aquilo que cabe nesse saco tão vazio que trazes contigo ao peito. Eu vivo
pensado no momento perene. Sorrio na chuva e choro ao sol e deixo o arco-íris
entrar logo pela manhã. Não me protejo do funesto porque não sei se essa fuga
não me afoga. Não sei quando fujo do hábil sentido do que podia ter acontecido,
se não fosse o monstro da proteção me encaminhar em direção oposta. Olha para
mim. Não sou Deus. Não sou perfeita. Sou eu. Apenas eu. Mas sou feliz à minha maneira. E esta
maneira de vida, tem um sentido, que caminha por onde a corrente leva. Tem um
encontro que não cega as intenções. Abre as portas, para que esse ar
prejudicial saia. Mas mais que tudo para que essa vida boa e cheia de
sentimentos arrebatadores te faça sentir que estás vivo. Deixa entrar, para
perceberes que também podes sentir, e que na vida, nem tudo é só ruir!
Sem comentários:
Enviar um comentário