24 de novembro de 2014

Outro lugar


Voa, porque voando 
Saiu o tempo que não passa em vão
E não tende a girar. 
Corre de leve e sopra 
Como quem não leva o passo de pena que a vida escreve
E a alma eleva para não acabar.
E sopra, respirando o mundo
Aspirando o ar 
E elevando a fé para qualquer lugar.
Corre que o tempo urge 
Mas o sonho que leva
A luz do luar não corre a atrasar.
E o respirar de agora 
Leva o amanhã suave para a chuva não transformar. 
E revela agora as formas de ângulo 
Que esse círculo que não foi e nem chegou a estar. 
Sopra, que sopras no vento 
E o sol que já não aquece não volta a fitar. 
E vai com o pássaro que voa 
E a folha que cai
Para ver o teu mundo girar. 
E quando pensares que o que foi, 
Numa brisa do mar revela 
E vem num barco à vela para então voltar. 
Segue e vive sonhando 
Porque a vida passando, 
O tempo não pára 
E o vento empurra para outro lugar!

22 de novembro de 2014

Hoje amo-te para sempre


Sim, amo-te! E não, não sou dessas que perde tempo a viver o depois. Se sinto, demonstro. Se te amo, não escondo. Não escondo nunca. Não aguento. Não aguento nada. Não guardo no cofre. Nem na caixinha que tenho pendurada ao peito. Abro o meu livro para ti. E lês todas as minhas páginas. Desfolhas todos os meus capítulos. Tu vês tudo de mim. E sim, amo-te. E vou dizer-to sempre. Sempre. Porque o meu sempre é hoje. E hoje, é que interessa. Se vou cair? Não sei. Se vais querer ouvir? Não sei. Não gosto de dúvidar. Gosto da certeza de que o disse. Certeza do sentimento que não prende. Que não vive sufocado. Que não fica agarrado. Guardado. Por isso, vou sussurrar-te ao ouvido. Sussurro que o que sinto é de agora. Que é tudo. Este agora que dura no sempre. Que dura e permanece. Por isso, digo-te: amo-te. E se te amo, amo a sério. Não brinco. Não adoro. Não gosto. Não aprecio. Ou relevo. Não te amo um pouquinho. Muito menos devagarinho. Amo-te assim. Imenso. Muito. Tanto e tanto. E expludo. Abraço. Falo. Aqueço. Beijo. Enlouqueço. Amo-te. Intensamente. Hoje. E sinto como se fosse para sempre. Sinto agora. E para mim, só funciona assim. Sentimento deste segundo. Paixão do que é sendo e vivendo.

E depois me perguntas: e amanhã? Amanhã, vais amar-me? 
Amanhã não sei. Mas hoje sei que te amo. E hoje amo-te para sempre.




Liberdade

Um dia, vem a vida e ensina-te que o prender não solta. O agarrar não liberta. O controlo não te protege tanto como pensavas. Não te abraça tanto como contavas. E aí percebes, que solto é que estás vivo. Que livre é que é respirar. Bom é correr sem destino. Caminhar sem correntes.

19 de novembro de 2014

Sê feliz. Agora. Por favor!


E aquela vontade de chorar? Chorar de tanto rir. Aquele rir alto. E o rir miudinho. Rir tanto que dói a barriga. E aquela vontade de partir gritando o quanto vale a pena viver? Aqueles dias em que acordas e sorris apenas porque estás aqui. Porque estás vivo. Já acordaste assim, eu sei.  E é tão bom. Sabe tão bem transpirares os teus sentimentos. É como o brotar de uma planta. É como o nascer de uma flor. E já pensaste? Podes sentir-te assim todos os dias. Sempre que queiras. Tu tens o poder de comandar a tua vida. Tu decides. Tu és o capitão do teu navio. Podes acordar, olhar a janela e não querer sair porque está a chover. Ou simplesmente, sorrir e agradecer pela chuva deliciosa que irá regar as flores que amas ver na primavera. É contigo. Estar feliz é um estado de alma. Ser feliz é uma opção de vida.  Está em ti a decisão. Só tu podes escolher o sorriso. Só tu podes escolher os canteiros de flores ao invés das silvas. Até as rosas com espinhos fazem um bonito bouquet. Até o mais duro dos dias   de chuva contém pequenos arco-íris. Apenas toma a decisão de acordares e colocares um sorriso no rosto. Assim , tudo se ajeita. Aceita o que tens no momento. Luta pelo que queres. Mas percorre esse caminho, sempre sorrindo e de mão dada com o perfume do jardim de felicidade que te rodeia. E nunca te esqueças: tu comandas o teu sorriso! Tu decides quando. Quanto. E só tu sabes o que vale a pena. Sê feliz. Agora. Por favor! 

17 de novembro de 2014

Gosto de ti


Gosto de ti. Gosto de ti como de há muito tempo. Como se o nosso ontem fosse vários anos atrás. Gosto tanto de ti que vejo o bom onde dizem ver mau. Gosto de tudo. Gosto de quem és.  Não me importa quem foste. Não me importa quem serás. Gosto tanto. Gosto assim. Mas gosto mesmo tanto que só te quero feliz. E é em ti que penso logo de manhãzinha. E à tardinha. E à noitinha. Fazes-me rir. Sorrir. Chorar. Fazes-me sentir que tudo vale a pena. Porque me fazes bem. Fazes-me tão bem. E sabes, eu gosto tanto de ti, que quando não gostares mais de mim eu não me vou chatear. Nem te vou querer magoar. Só te quero feliz. E se tudo for por um triz, não faz mal. Eu vou estar aqui. Quero que acordes com um grande amor. Quero que te façam sorrir. Quero o que tu mereces. E eu sei o que tu mereces. Um abraço. Um longo abraço que te faça sentir como se o mundo estivesse todo aqui.  O mundo todo para ti. Um beijo. Dois beijos. Vários e longos. Sentidos. E aquecidos. Gosto tanto de ti. Não perguntes porquê. Não me perguntes quando. Nem digas que é impossível. Impossível é não achares possível. Não é impossível ser feliz. Não é impossível gostares tanto de alguém que só lhe queiras bem. Porque há sempre alguém para quem. Porque um dia, esse dia vai chegar. E eu quero ser o teu anjo da guarda. Quero te proteger. Quero que contes comigo. Porque no amor, não me retenho. Porque por ti, não me contenho. Sim, é verdade. Gosto mesmo muito de ti.

13 de novembro de 2014

O depois logo se vê!


Não somos todos? Malucos. Descontrolados. Orgulhosos. Não foste já? Não foste onde não querias, mas foste. Não falaste e te arrependeste? Sim. Já fizeste tudo isso. E diz-me: e quando não vais? E quando não dizes? Não será preferível ser quem és? Viver esses momentos de loucura.
Não vivas com o que podia ter sido. O que podia ter sido dito. O podia não pode. O podia não foi. Sê espontâneo. Sê impulsivo. Porque se o sentes, é porque o fizeste. Porque o viveste. Experimentaste. Senão como irias saber? Tu sabes...Sabes que não há arrependimento no que não é feito. Sabes bem que o suposto, o será, o talvez, destrói e corrói. Estás vivo. Tens que pedalar. Viver intensamente. Que não te cheguem os porquês. Não aceites os talvez. Sim, aceita a merda que fazes. Aceita toda a merda que sai dessa boca. Tudo que essas mãos acatam. Aceita simplesmente. Aceita e encara. Mas não penses muito. Vive tudo o que queres e não te reprimas de nada. Dá-te tudo aquilo que achares ter direito. Só tu sabes. Não sou eu que sei por ti. Nem o teu namorado. Nem a tua amiga. Nem a tua mãe. Nem o teu cão ou o teu papagaio. Diz asneiras. Faz asneiras. Permite-te viver. Não guardes tudo aí dentro. Por muita arrumação que possa ter esse quartinho, um dia vai encher. Vai encher tanto!Vai ficar abarrotado! Cheio do que presta e do que não presta. E diz-me: como vai ser? Muito lixo para descartar. Muita coisa para arrumar. Por isso, não reflitas sempre. Se te faz sentir, sente. E se o sentir é bom, faz. O depois logo se vê. O futuro não sabes. Por isso usa esse agora. Explode! Descontrola-te! Sê quem tu és agora e não vivas pensando quem serás amanhã. O que será amanhã se fizeres agora. Faz quando queres. Faz porque queres. Acredita. O depois logo se vê!

Carta para ti, Vida



Olá vida! Estás aí... Já reparei, sabes? Já vi o teu sopro. Respiro esse ar todos os dias. E vou respirando sempre. Até naqueles dias de fracasso. Sim, e nos de alegria e regozijo. Porque tu és isso. Tu és o bom. E as vezes és o mau. Mas o teu mau não deixa de ser bom. Porque diz-me vida: o que aprender contigo, se não nas alturas em que me levantas a voz. Quando me falas baixinho, eu ouço, sim. Mas acho que o sussurro se perde no vento. Por isso aquelas vozes de espanto. E por vezes os castigos. Eu sei vida. Eu sei. Eu sei que quando isso acontece me custa muito. Às vezes choro feito criança mimada. Faço birra contigo. Até resolvo não te falar mais. Sim. No fundo eu sempre sei. Sei que és uma mãe. Uma mãe que castiga. E tanto te odeio às vezes. Mas quando te amo. Quando te olho bem. Quando sinto o porquê de ti. De tudo. Quando olho à minha volta. Agradeço-te. Por isso, obrigada. Obrigada pelo que me ofereces. Pelo que me dás todos os dias. E agradeço-te pelas pauladas. Pelos chutos no cú. Porque a cada um deles eu ando mais em frente. Por isso vida, continua.

11 de novembro de 2014

Lobo mau


Que lobo tão grande que vivia naquela floresta!...Um animal de meter medo a qualquer outra criatura que habitasse nas redondezas. Por ali quase toda a gente o evitava. Ao certo ninguém sabia bem porquê. Se era medo, se era respeito, se era pelo feitio complicado. A verdade é que nem eu percebia muito bem. 
Eu já tinha privado com ele. Na altura pareceu-me ser um bom lobo. Às vezes retirava aquela expressão séria e parecia mesmo sorrir para mim. Houve momentos que nem me sentia na sua toca. E quando sentia, gostava. Porque sabia que estava ali. E para o que estava ali. Cheguei a entender o interior daquela criatura peluda e desorganizada. Muitas vezes olhei lá no fundo e entendi tudo. Li e reli as histórias e as desventuras daquele animal. 
Ainda hoje, passou por mim, e enquanto todos os outros estremeceram, murmuraram e se afastaram, eu deixei-me ficar. Ele até pode rosnar. Uivar. Pode passar com aquele ar altivo. Eu vi, olhei e gravei. O lobo mau da floresta. Sim, o lobo mau! 
Até porque um dia eu conheci um carneiro, um carneirinho muito bonzinho. Toda a gente gostava dele. E olhei, observei, convivi e ouvi. E percebi. Percebi que aquele cordeirinho era um animal disfarçado. Um animal enganado. Porque na minha vida, na minha casa e na floresta onde vivo, prefiro um lobo mau com coração de cordeiro, do que um cordeiro com alma de lobo mau. 

Quando




E quando te faltas, 
Que não te falte o sorriso. 
E quando não te encontras, 
Que não te falte o caminho. 
E quando o agora vem, 
Leva-o de mão dada pela manhã, 
Antes que a noite chegue.

10 de novembro de 2014

Palavras


Tu sabes que muitas palavras se perdem no tempo. Muitas mesmo se dissolvem no ar ou se perdem na corrente do mar. Sabes tão bem quanto eu que as palavras muita vezes são fáceis. Plantar a semente sempre foi mais fácil do que a regar durante meses. Não adianta de todo soltares as palavras ao vento, amigo. O vento as leva para longe e talvez não as traga de volta. Por vezes voltam rasgadas. Sabes muito bem que não há garantia. Sabes que quem garante é quem faz. As palavras são bonitas, são mágicas e provocam sorrisos. As ações promovem atitudes. A realidade mora no agir. No fazer. No realizar. Meu amigo, é tão fácil escrever coisas bonitas. Mas o acontecer...Ai, o acontecer!.. Pega nessa história e transforma em vida. Transforma esses recortes soltos no espaço em puzzle completo. Transforma as palavras ditas e coisas escritas em mundo verdadeiro. Estou aqui para ver. Porque toda a palavra dita, pode não ser mais que promessa feita. Dito que não dito, pode ser a fita, a mentira, o agora que não vai ser depois. 

6 de novembro de 2014

Olhos vendados


Fui entrando pé ante pé. Entrei bem de mansinho. Devagar, devagarinho. Olhos vendados. Aventura. Risco. Por vezes sombras e decalques. Quase tropecei no caminho. Estava escuro. Mas quis assim. Continuei. Uma, duas, três vezes tropecei. Depois, caí e levantei-me. Apoiei-me. Haviam espinhos. Piquei-me. Mas passou. Não durou. Continuei. Passos leves. Respiração ofegante. Nervosa, bem nervosinha. Eu queria assim. O tempo correu. Voou e entardeceu. Retirei a venda. Olhei para trás. Pequenos obstáculos. Transponíveis. Teria sido fácil. Muito fácil. Com a vista à vista. Olhei para a frente. Altos muros. Grandes portões. Muitas grades. Silvas perigosas. Olhos descobertos. Vista despida. Olhos vendados? Olhos destapados?

5 de novembro de 2014

Sonhar

Inscrito em todo o teu suor
Em todas as constelações de teus sinais
O que me faz continuar a sonhar. 
Talvez consideres pesadelo de teu ser
Continuar a insistir no que sustenta meus momentos de alegria. 
Aqueles em que te olho e vejo que olhas o mesmo por do sol.
O sonho que talvez um dia vá partir, 
Está agora encalhado,
Preso à âncora do teu olhar,
Na praia da tua face. 
Sonhar, será então, 
Uma pequena paragem feita em porto onde desconheço marinheiro. 
Será o tempo necessário para começar de novo.

3 de novembro de 2014

Olha o arco-íris!

Não quero esse teu mundo incoerente. Não quero andar a saltar por entre esses teus riachos tão sem nada. Porque no teu mundo está muito a chover. E no meu só faz sol. Mas quando tu deixares, talvez a chuva acalme. Talvez o tempo corra na minha direção. Talvez chegue dia de arco-íris. Sorrisos e caminhos de sentinelas e pirilampos. Porque eu quero viver o agora e contar as pedras da calçada segundo a segundo. Entender os decalques do fogo e os pormenores da lua. Contar as estrelas suspirando. Ave esvoaçante, vives no futuro. Colocas a tua vida na mão do destino. Planeias como quem escreve um livro. Não deixas crescer. Forças o rio a correr em direção ao mar. Deixa o rio seguir o caminho com calma. Deixa-o percorrer os vales e encontrar as flores e outros rios. Pára de escrever assim. Não planeies. Deixa a vida correr. Olha que ela não gosta de ser planeada. Perseguida. Deixa que o mundo te leve. Deixa que o tempo percorra o que tu lhe queres dedicar. Esquece os planos. Abandona o depois. O porquê. O será. Não pares tanto tempo. Não desgastes a vida. E não te desgastes. Não recuses a felicidade. O arco-íris. Porque enquanto estás aí, eu estou aqui. Vivo intensamente o meu sol. O dia bom de hoje. Os segundos de agora. Deixa os minutos de amanhã. Deixa-te respirar livremente. Deixa-te sorrir. Abre os braços e sente a chuva diminuir. Deixa a tua chuva encontrar o meu sol. Olha o arco-íris!