31 de março de 2015

Nunca te disse


Nunca te disse que te amo. Nunca te disse que és tu que quero ver logo pela manhã. E que é o teu rosto que quero olhar antes de fechar os meus olhos à noite. Sim, nunca te disse.

Nunca te disse que é o teu sorriso que quero ver quando a minha gargalhada cresce. E que é a tua mão que quero tocar quando o medo chega. Pois, nunca te disse.

Nunca te disse que tenho saudades tuas mal sais de perto de mim. E que sonho contigo quando não dormes comigo. E que sinto tanto a tua falta. Falta de te tocar. Falta de estares ali. Falta de ti. De sentir o teu cheiro. O teu perfume. Esse perfume, que para mim é o melhor do mundo. Cheira a primavera e a flores. E mais. Cheira a amor. E acredita, é um cheiro que nunca tinha sentido antes.

Nunca te disse que adoro os teus olhos. A tua pele. O teu cabelo. Os teus lábios. O teu sorriso. É...Nunca te disse que te adoro. Que te desejo. Que me fazes falta. Há tanto que não te disse.

Nunca te disse o quanto és especial para mim. E que em mim há um lugar só teu. Uma salinha com muita luz. Brilhante. E onde tudo acontece. E és tu que ocupas esse lugar. E o espaço não está para alugar. Não está para troca e muito menos para comprar. E eu nunca te disse.

Nunca te disse que eu, que sempre vivi o momento, não consigo imaginar o meu futuro sem ti. Porque tu és o meu agora. E o meu sempre. Nunca te disse tanto. E tanto tenho guardado para te dizer.

E já te disse que é em ti que penso quando a vida me sorri? Que é a ti que quero contar as minhas histórias? As desventuras e todos os pormenores do meu tempo? Da minha vida? Porque tu és a minha vida. És tu. Tu. Como és, como serás e com tudo o que já foste. Sim, eu sei que nunca te disse.

E às vezes, chega o momento em que as palavras não devem ficar presas. E então, as palavras soltam-se. E é agora que te digo. Digo tudo. E tanto há, que eu te queria dizer. E quando o escrever não mais chegar, eu falo-te ao ouvido. E quando ao ouvido for baixinho de mais, eu vou dizer ao mundo. E quando o mundo for pouco, eu vou apenas sorrir para ti e dizer-te: eu e tu, somos nós. 

14 de março de 2015

Saudade


Deixa o tempo encaminhar as horas
Para o passa que não passa da vida.
Que o que marca também cura
E vai que talvez nem seja uma ferida.

Desce e sobe as escadas
Com a coragem guardada
No teu cofre tão especial.
Sobe que o elevador
Vai cheio de burburinho
E quem quer atalhos,
Longe está do verdadeiro caminho.

E a saudade tens que soprar
Para a distância de outro lugar,
Porque quem foi no seu pé andando,
Mesmo enviando um beijo e um tango,
Pode não querer mais voltar.

Então segue contigo,
Porque tu és o teu abrigo
E a vida está sempre a mudar.




12 de março de 2015

O meu conto de fadas

Cansei de esperar o príncipe encantado montado no seu cavalo branco. Cansei de ser gata borralheira à espera da meia-noite. Cansei que me digam quando posso ser princesa ou a que horas posso ir ao baile.
Não preciso de um príncipe que me resgate no seu cavalo branco, nem de nenhuma fada madrinha a comandar os meus horários de saída. Não preciso que o príncipe me acorde do sono da maça envenenada, porque eu nunca comeria a maça oferecida por um desconhecido. Não preciso de deixar crescer o meu cabelo para que o príncipe me salve da torre alta em que vivo. Deixo crescer o meu cabelo porque sou vaidosa e gosto de o ter assim. Não preciso do beijo mágico porque me piquei numa roca de fiar. Não gosto de trabalhos manuais e mesmo que me picasse tenho um sistema imunitário bastante resistente. Não preciso de nada disso. Não preciso. Simplesmente não preciso.
Eu decido quando sou princesa. E sou princesa todos os dias que eu quiser. E todos os dias basto-me para me salvar. 
A vida não é um conto de fadas comandado pelos príncipes. A vida é tanto deles, como das princesas. Porque será que não há histórias em que são as princesas a salvar seus príncipes? Porquê ficar à espera de alguém para nos salvar e não começarmos nós próprios a tratar da salvação tão aclamada? Sou eu que decido se me quero salvar e se preciso de ser salva. Não preciso do príncipe e do seu cavalo. Tenho as minhas pernas para andar. E se o cavalo vier, sei muito bem cavalgar a vida sozinha.
Eu sou a princesa da minha história de encantar. Sou a guerreira que encara os dragões e as bestas aladas. Sou a minha salvadora. Sou a princesa que já não vive mais esperando o príncipe que não chega.

9 de março de 2015

Só colhe quem semeia


A verdade é que na vida a colheita não tem épocas, nem calendarizações. Não escolhes quando colhes. Podes escolher apenas quando semeias. E o que semeias. Mas embora não saibas quando irás colher o que plantaste, se estiveres seguro de ti, da semente usada, não há pelo que querer antecipar. Quem sabe o que planta, não tem pelo que temer a colheita. Então, semeia. Semeia sempre. Mas o melhor. A melhor semente. Pode até ser uma plantação mais dolorosa, mais demorada e mais intensa. Pode até ser, que a semente seja difícil de arranjar, de plantar ou mesmo manusear. E que o semear seja mais lento e que exija mais de ti. Mas quando for a colheita… Vai florir. Vão ser flores com cheiro de Primavera. Vão ser frutos com sabor a Verão. Vai então semear. Semeia hoje que a colheita pode ser já amanhã. Não sabes o tempo. Mas permite-te saber que podes contar com o melhor. Não precisas de saber o quando. Nem o onde. Apenas que foi o melhor que conseguiste. E a colheita, será o melhor, do melhor que fizeste.

6 de março de 2015

A Lua e o Sol


"Amo-te Sol!"
"Porquê?" perguntou o Sol à Lua.
"Porque sim!"
"Mas só nos vemos uns breves segundos todos os dias!" referiu o Sol.
"E esses instantes, são tudo o que eu preciso. E saber que amanhã esse tempo vai chegar, faz com que a minha vontade seja de sorrir, brilhando a noite toda."
"Mas não entendo..." disse o Sol.
"Não entendas, meu querido Sol. Sente!" disse a Lua, enquanto tocava o Sol de leve nos segundos que lhe restavam.