12 de março de 2015

O meu conto de fadas

Cansei de esperar o príncipe encantado montado no seu cavalo branco. Cansei de ser gata borralheira à espera da meia-noite. Cansei que me digam quando posso ser princesa ou a que horas posso ir ao baile.
Não preciso de um príncipe que me resgate no seu cavalo branco, nem de nenhuma fada madrinha a comandar os meus horários de saída. Não preciso que o príncipe me acorde do sono da maça envenenada, porque eu nunca comeria a maça oferecida por um desconhecido. Não preciso de deixar crescer o meu cabelo para que o príncipe me salve da torre alta em que vivo. Deixo crescer o meu cabelo porque sou vaidosa e gosto de o ter assim. Não preciso do beijo mágico porque me piquei numa roca de fiar. Não gosto de trabalhos manuais e mesmo que me picasse tenho um sistema imunitário bastante resistente. Não preciso de nada disso. Não preciso. Simplesmente não preciso.
Eu decido quando sou princesa. E sou princesa todos os dias que eu quiser. E todos os dias basto-me para me salvar. 
A vida não é um conto de fadas comandado pelos príncipes. A vida é tanto deles, como das princesas. Porque será que não há histórias em que são as princesas a salvar seus príncipes? Porquê ficar à espera de alguém para nos salvar e não começarmos nós próprios a tratar da salvação tão aclamada? Sou eu que decido se me quero salvar e se preciso de ser salva. Não preciso do príncipe e do seu cavalo. Tenho as minhas pernas para andar. E se o cavalo vier, sei muito bem cavalgar a vida sozinha.
Eu sou a princesa da minha história de encantar. Sou a guerreira que encara os dragões e as bestas aladas. Sou a minha salvadora. Sou a princesa que já não vive mais esperando o príncipe que não chega.

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