7 de julho de 2015

E se eu te disser, que ser feliz é fácil?


Engraçado, que engraçado é! Tudo um pouco nesta vida, é deveras engraçado. Hilariante. Digno de um comediante, e  por vezes até com o seu quê de política arrogante. É devido a estas afirmações, que longe estão de certezas, que eu agradeço a paz da minha alma. A natureza da minha personalidade descontraída, de luz pacífica e de felicidade abundante.

Na vida, muito se passa. Muita gente passa. E pouca coisa, na realidade se passa. A verdade, é que perdemos tempo com o que, e com quem não devemos. Preocupado-nos de mais com o que não importa, e com o que deveríamos ter que o outro tem, mas que por nós não foi alcançado. Quando digo isto, não apoio o pensamento miudinho ou a falta de ambição. Apenas sou a favor do comedido. Do tempo organizado e aproveitado. De não deixar a vida passar por entre os dedos e fugir das nossas mãos como pássaro engaiolado, que finalmente conheceu porta aberta. Sonhem. Sonhem sempre e sonhem alto. Mas não basta olhar lá para cima e continuar sentado. Levanta e constrói degrau a degrau. Vai lentamente, com afinco, com paixão, com força de viver e garra nessa luta diária. Mas sem a dureza cruel da expetativa criada pela sociedade. Ou pelo vizinho. Ou mesmo pelo estereótipo televisivo de como ser gostoso ou inimaginavelmente bonito nos dias que correm.

O bestial passa a besta. A besta veste muitas vezes o bestial. Se não é por palavra dita, é porque a Rita disse que o Pedro não foi correto com a Ana. E o Pedro que era o príncipe dos sonhos modernos, com traços de filme da época que não existiu jamais, passou então a vilão monstruoso, de um digno filme de terror. As pessoas mudam. Os ideais mudam. Os desejos mudam. Os tempos mudam. E tudo o que muda à nossa volta, muda-nos de igual forma. E não muda apenas a roupa com as estações de moda. Mudamos por dentro. Mudamos na carne. E às vezes mudamos na alma. Vestimos, despimos. E assim, vamos andando pelo enlace da vida.

Não é diferente para ninguém. Menos cruel. Mais amorosa. A vida dá um ar da sua graça por onde passa. E nós, mais cedo ou mais tarde, percebemos que pouco ou nenhum controlo temos sobre o que se passa à nossa volta. Decidimos, sim. E é para isso que aqui estamos. Tomar decisões. Por vezes as melhores, outras, no entanto, de conclusão mais duvidosa. Mas é assim mesmo. A luta diária. O sofrimento de cada um. A intolerância de cada qual. Cada um com a sua linha no tempo. E todos nós a viveremos. De uma forma ou de outra. Segundos, minutos, horas, semanas, anos. Passa. E deixa rasto. E deixa ferida. E vai que passa a cicatriz, e quando essa cura, por vezes vem outro arame farpado, que não vemos chegar.

Então, agora me perguntam: todas essas palavras para quê? Para vos dizer que inevitavelmente, ela passa. Pode vir de mansinho. Pode ligar o turbo. Mas o corre-corre passa por todos. As dificuldades, os desencontros, as tristezas, as injustiças e o mundo que foge dos nossos pés. E há também, aquele tapete que nos insistem em puxar sem avisar e ficamos descalços no chão frio. Todos, mas todos, tem dificuldades. Os ricos, os pobres, os médicos, os contabilistas, os matemáticos, os chineses, os americanos e os portugueses. Uns mais do que outros com toda a certeza. Mas todos a vivem. Todos a sentem.

Mas, e se, ao invés de nos atrofiarmos no que não presta, no que passou, no que não dá ou na tristeza, nos agarrarmos à felicidade? E se nos agarrarmos a nós? Aos nossos ideais, as nossas conquistas diárias, ao passo leve do dia-a-dia, ao que nos faz sorrir e a quem nos faz sorrir. E se aprendermos a viver mais e melhor os bons momentos? A ser felizes genuinamente. Com o pouco que temos agora. Com a surpresa na nossa caixa correio. Com a mensagem daquela pessoa especial, que nos fez sorrir ao ler apenas. Aquele sorriso que vem de dentro. E se prolongarmos esse sorriso? Pela alma fora. Pelo coração dentro. Podia dizer para encararem as minhas palavras como um desafio. Mas não será. Não o farei. Não quero desafiar. Quero acreditar que toquei nesse pontinho aí dentro. Quero acreditar, que tanto o meu, como o vosso, irá brilhar. Brilhar. E brilhar, mesmo no dia mais escuro. Mesmo no tempo mais duro.

E se eu te disser, que ser feliz é fácil?

Sem comentários:

Enviar um comentário